segunda-feira, 30 de abril de 2012

Então a alma penetra na escuridão, porque diante da falência das virtudes, das quais nada mais espera, já que não as possui, só lhe resta penetrar nas trevas. ( Sêneca, da tranquilidade da alma)


breu,breu
todas as máximas : breu!
Não era afora:
nem eclipse azulado ou
lua  em si afundada
que aniquilou ou escureceu mais
a  minha vaga estrela morta


Não era também o íntimo
decadentismo próximo a medula
que atribuíam aos estremecimentos
recrudescidos na fisiológica
anima mea


Nem havia nada acovardado ao futuro :
ri-me dele:
uma tela azul,
cores pixeladas ou arco-íris portáteis
não poriam de cócoras
as sentenças do meu pensamento.


E qual escuridão afanava-me o verbo?
punha a luz logosófica como farsa?
Não o sabia: era  breu
um forte esclarecimento entre tudo o
que havia por antes mal avaliado e
o  todo enegrecido que assassinava  uma mentira luminosa.




sábado, 28 de abril de 2012

oração de exorcismo contra os pagãos trabalhadores

vade retro os osíris cansados:
guardem a noite
lampiões, curumins insones
e beberrões
procrastinando um dia de juízo
laborioso
e esperando, por isso,
 compadecimento de juízo
 final.


Liturgia :

fazer sinal da cruz
uma pouco da cachaça para o santo
uma moeda ganha com suor do rosto e
desperdiçada com compra de amendoim

Amém, saravá ou o escambau

a verdadeira alegoria da caverna

afia-se, cutela-me de
ponta à ponta estalactite
estalagmite embaixo.
ponta  à ponta estalactite
nem terra, nem céu
de ponta à ponta
estalactite,estalagmite.

domingo, 8 de abril de 2012

ossos do ofício

um agricultor de covas
aos ossos nascidos brancos da terra;
arranque um a um a grosso modo
agora  que campônios de hortas das hordas
semeiam cruzes nas voltas de colheita