sábado, 28 de julho de 2012

sim, sexo


un monstre gai vaut mieux qu’un sentimental ennuyeux”

 
gaio rapaz, gaia moça!
carne -  pouca memória
espírito- lembrança

"pede o corpo 
 cala o íntimo?"
não, não.. é outro domínio
vai!
gaio rapaz, gaia moça

 
luto de dias ou anos
o que enviuva
o que se solta?
certamente não os dias, 
não os anos
 
 preserva ?
 esquece?
lembra do que não precisa memorar 
Adelante ou detrás
gaio rapaz, gaia moça 


 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Previsão esquecida

O senhor, cujo oráculo está em Delfos, não fala nem esconde: ele indica (Heráclito)

Não ultrapassará o limite do horizonte 
mesmo que  verticalmente seja contido ao seu rosto
 linhas idênticas
sob vértices diferentes

arredondai as arestas da esguelha do olho, 
um engano da mente,
conjecturas sob conjecturas;
fazer do ponto cego 
o mais luminoso

fingir que a reta óbvia
é apenas um milhão de pontos e nada
que se enxergue além dele.

                                                  .

sexta-feira, 1 de junho de 2012

ele, ela =eellea


eu que tinha os olhos carmesins
as faces por se querer amaciadas
e o sorriso entreaberto para...
não era o meu rosto a se transformar, com a  própria proximidade,
na mulher que me deitava beijos?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cabeça compenetrada




uma qualquer órbita toma
minha cabeça:
fosse uma auréola .
cairia em
tangentes,
espirais de
centrífugas
a fazer inclinar
toda as nuvens leitosas
do meu divagar
de frenesi.
mas o crânio é duro:
não cai nem por balaço;
a bambolear
mas torna sempre,
sempre a mim (e a ti).
Deve ser o movimento dos quadris.

blen,blan,blão


Sinos dobram,
dobram-me;
não,não morri
mas morreu algo;
não sei bem o que é
ou quem.
não , não fui de luto
não,não foi nada
para ir de luto...

Descobri!
foi o próprio sino
emudecido ,
morto;

redobra-me ele 
a atenção;
para o que não
anuncia.
Tudo a a partir de então
 me engana:
  jaz todo o alarde
 se faz calado,
 sem qualquer tinido.

Não sei se há maior prenúncio de morte.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

- Eu nada tenho a ver com isso



“Eu me pergunto se não podemos nos recusar a herdar o mundo”
“ eu acho que se você nasceu, já é tarde demais” (Calvin e Haroldo)

profecia I

Quando o aço for dissolvido no vinho
e os olhos chumbarem ao chão
o peso de um mau milagre leve
há de fazer cair os mil inocentes culpados ao meu lado.
Decaiam!
Acordai! e
cabisbaixem-se;
procurem um muro de lamentações
e não acharão senão os
ombros um dos outros.




p.s: breve lapso de solidariedade. passou.







                                    



terça-feira, 1 de maio de 2012

um hercúleo adolescente escritor e o bibliocídeo de uma biblioteca municipal




Opositores em série:
uma turva visão:
um, dois , três
socos ao ar
a revelia de dores
e jabs na face,
 murros no  estômago.

Eu não cedo:
aumentam as dores
devem estar cansados
e mo gritam urros potentes
como força última.

Eu me engano:
o socos aumentam.
cada qual, fantasmas
de natais passados e futuros
mostram minha miséria
vindoura , já feita
e as feitas pelos meus pais
( e não cessam de me espancar)

A esta hora em que já cuspo sangue
apelo para deuses pagãos,
hebreus, monotéista
politeísta
mas, nada;
se são demônios
não se exorcizam
se são anjos
são do apocalipse

|Eis que a dor pára
(não pára em verdade
mas já não a sinto tanto)
seguro, suporto,
revido furiosamente
com ignóbil indiferença.

As coisas começam a parar
uma a um os golpes páram
e eis que tambem um à um me deixa
com pavor ,como brisa,
ao me ver sentar na escrivaninha e
começar a escrever. Criarei
meus próprios diabos
,o sabem bem,
não preciso mais deles
senão como referência apagada
de uma dor menor documentada.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Então a alma penetra na escuridão, porque diante da falência das virtudes, das quais nada mais espera, já que não as possui, só lhe resta penetrar nas trevas. ( Sêneca, da tranquilidade da alma)


breu,breu
todas as máximas : breu!
Não era afora:
nem eclipse azulado ou
lua  em si afundada
que aniquilou ou escureceu mais
a  minha vaga estrela morta


Não era também o íntimo
decadentismo próximo a medula
que atribuíam aos estremecimentos
recrudescidos na fisiológica
anima mea


Nem havia nada acovardado ao futuro :
ri-me dele:
uma tela azul,
cores pixeladas ou arco-íris portáteis
não poriam de cócoras
as sentenças do meu pensamento.


E qual escuridão afanava-me o verbo?
punha a luz logosófica como farsa?
Não o sabia: era  breu
um forte esclarecimento entre tudo o
que havia por antes mal avaliado e
o  todo enegrecido que assassinava  uma mentira luminosa.




sábado, 28 de abril de 2012

oração de exorcismo contra os pagãos trabalhadores

vade retro os osíris cansados:
guardem a noite
lampiões, curumins insones
e beberrões
procrastinando um dia de juízo
laborioso
e esperando, por isso,
 compadecimento de juízo
 final.


Liturgia :

fazer sinal da cruz
uma pouco da cachaça para o santo
uma moeda ganha com suor do rosto e
desperdiçada com compra de amendoim

Amém, saravá ou o escambau

a verdadeira alegoria da caverna

afia-se, cutela-me de
ponta à ponta estalactite
estalagmite embaixo.
ponta  à ponta estalactite
nem terra, nem céu
de ponta à ponta
estalactite,estalagmite.

domingo, 8 de abril de 2012

ossos do ofício

um agricultor de covas
aos ossos nascidos brancos da terra;
arranque um a um a grosso modo
agora  que campônios de hortas das hordas
semeiam cruzes nas voltas de colheita




quarta-feira, 28 de março de 2012

x = y = z = ...

unificadas fossem todas as rotas, ideias e latrinas
uma a uma idêntica:
merda, caminho, quintessência
 para que toda tolice , vadiagem

descargassem sobre os mesmos
encanados tubos, as mesmas vias
d' oceano inesgotado d'esgoto imenso

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

.

um mal de linhas certas e palavras tortas:
vaidade?
necessidade dissimulada?
.
será uma esferográfica  somente
conduzindo a não sei quê
de não sei por onde
por quanto houver recantos do papel?
 .
ou será
um estampido de caneta
anunciando um balaço de borracha
a apagar palavras velhas para  donzelas novas,
 a fingir amnésia com Camões,
que o faz reescrever
reescrever, reescrever?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

cânticos frígidos


Pernoitemos  em outro bendizer , Sulamita,
há muito os  cantares não nos abrigam,
deixou nossa morada a palavra
e dentro dela  fugiu  prenhe ao ventre
o amor.


Dos comentários passados
 desperta a mudez , Sulamita;
a morte de sussurros
habita beijos abjurados,
discursos abjurados.

Os cânticos já não são, Sulamita,
o amor bendisse a nós e pernoitou aqui
mas se foi;
o amor era a própria palavra.

sábado, 21 de janeiro de 2012

barômetro de hoffman


Medir as temperaturas e  os fenômenos atmosféricos da alma
seja o diabo no corpo 38,6 de luxúria
a bebedeira d'alegre .. quantos graus?
quantificar,quantificar, quantificar!
a almas todas bem calculadas sirvam
para o momento que
junto em todas as medidas
 se pergunte
qualificar,qualificar,qualificar!
o inefável , o ponto cego, o ainda não possível quantificar
 ainda há!



ps.:
uma pena. queria eu só quantificar ( postivismo) ou suprassumir quantidade na qualidade ( dialética). não dá.