sábado, 28 de setembro de 2013

25/03/2013

“hum, você olha o céu?”

(Todos os céus de cá, aborrecidos aquários,
ressecasse estrela e
mofina lua
que diferença haveria?
mas as conchas, se constelassem acima,
tomariam águas-vivas por neblinas ,
ecos por marulhar de brisa,
pois se crestasse o ar na boca, m'orvalhasse o sal,
bebesse vento e respirasse fluido,
o Céu finalmente revolto e a
alta Maré apaziguada
cá ou aqui,
arriba, abajo,
talvez me afogariam na claridade solar
ou me fariam voar pernoite nas fossas marinas.)

“não, não, prefiro ir à praia para distrair, brow. Bora?”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ARVORECER



tornar-se planta,
germinar às avessas,
tornar-me semente.


e


me segurar;
Impedir cada raiz
conter toda seiva de caule verde
me alhear nessa ipseidade calma,
esterilizar-me.
.
Negar as intempéries a me decompor,
ser bruto, seco,
desejar-me âmbar,
ser fóssil
.
até que

não contendo
- as enxurradas martelantes,
trovoadas de cobrança repetitiva,
o soterrar-me em lama -
expulsar-me em
tantos monstros de toras e folhas largas
de alturas opostas às sovas e repisos,
que diria ser uma piada
a própria fé que não me tinha em
tempos de grão de mostarda.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

canaviais

Eu via os canaviais,
e
vingava-me em um Engenho sobre o outro
2 quilômetros ou mil:
imaginava toda a cana unir-se em uma massa,
um charuto,
um cigarro,
a querer o doce queimar feito o tabaco
incendiar toda a terra
cuspir cada açúcar com pigarros negros
como fumo picado
numa boca suspirante do tamanho de
 deus.

Eu queria ver outra coisa,
o já  visto,
 o inhame regado de sangue de Altino
e brotar o calejo das mãos sobre o catar das vagens tortas da minha
 Maria;
Esturricar as rolinhas caçadas
passar sal e fingir haver gosto de
ser caçador, plantador de

 outra terra,  outros dias?


Mas não há nada,... há cana;
há assobio das roletas chupadas pelos garotos das praias,
rapaduras perfumadas e batidas
para moças, cocotas bonitas.
há tantos bens confeitados em meus males
que pergunto se só há fel e bagaço
no rancor dos meus dias.
se me faltou um bombom, uma colher de melaço
ou cada grão de áçucar  como
um cisco d'amargor
no círculo das moendas alquebradas 
de meu tormento.