segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cabeça compenetrada




uma qualquer órbita toma
minha cabeça:
fosse uma auréola .
cairia em
tangentes,
espirais de
centrífugas
a fazer inclinar
toda as nuvens leitosas
do meu divagar
de frenesi.
mas o crânio é duro:
não cai nem por balaço;
a bambolear
mas torna sempre,
sempre a mim (e a ti).
Deve ser o movimento dos quadris.

blen,blan,blão


Sinos dobram,
dobram-me;
não,não morri
mas morreu algo;
não sei bem o que é
ou quem.
não , não fui de luto
não,não foi nada
para ir de luto...

Descobri!
foi o próprio sino
emudecido ,
morto;

redobra-me ele 
a atenção;
para o que não
anuncia.
Tudo a a partir de então
 me engana:
  jaz todo o alarde
 se faz calado,
 sem qualquer tinido.

Não sei se há maior prenúncio de morte.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

- Eu nada tenho a ver com isso



“Eu me pergunto se não podemos nos recusar a herdar o mundo”
“ eu acho que se você nasceu, já é tarde demais” (Calvin e Haroldo)

profecia I

Quando o aço for dissolvido no vinho
e os olhos chumbarem ao chão
o peso de um mau milagre leve
há de fazer cair os mil inocentes culpados ao meu lado.
Decaiam!
Acordai! e
cabisbaixem-se;
procurem um muro de lamentações
e não acharão senão os
ombros um dos outros.




p.s: breve lapso de solidariedade. passou.







                                    



terça-feira, 1 de maio de 2012

um hercúleo adolescente escritor e o bibliocídeo de uma biblioteca municipal




Opositores em série:
uma turva visão:
um, dois , três
socos ao ar
a revelia de dores
e jabs na face,
 murros no  estômago.

Eu não cedo:
aumentam as dores
devem estar cansados
e mo gritam urros potentes
como força última.

Eu me engano:
o socos aumentam.
cada qual, fantasmas
de natais passados e futuros
mostram minha miséria
vindoura , já feita
e as feitas pelos meus pais
( e não cessam de me espancar)

A esta hora em que já cuspo sangue
apelo para deuses pagãos,
hebreus, monotéista
politeísta
mas, nada;
se são demônios
não se exorcizam
se são anjos
são do apocalipse

|Eis que a dor pára
(não pára em verdade
mas já não a sinto tanto)
seguro, suporto,
revido furiosamente
com ignóbil indiferença.

As coisas começam a parar
uma a um os golpes páram
e eis que tambem um à um me deixa
com pavor ,como brisa,
ao me ver sentar na escrivaninha e
começar a escrever. Criarei
meus próprios diabos
,o sabem bem,
não preciso mais deles
senão como referência apagada
de uma dor menor documentada.