segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

r.i.p


.
o homem é acendido e apagado como uma luz no meio da noite (Heráclito)
.
bebe um trago de sombra
boceja fora a alma;
mas acorda e mantém os olhos despertos, pois 
quem labora um dia de sete décadas 
não deveria aproveitar a noite seguinte?
.
 Desfruta os burburinhos
a esta hora, oram todas as caladas...
Escuta com os ouvidos ocos?
contam piadas também as falsas beatas...  
Responde você com o eco dos sussurros?
.
Mas fica onde está, é mesmo tarde ; 
já erram de direção os próprios caminhos
e quem quer que te queira em encontro
não será melhor errar perdido no retardo dos  
 vivos solitários?

que lhe batam a porta trancafiada 
Não cede!
Só observa
 os falir dos desejosos sons de volta
a esmaecer as forças que deram libidonosos socos de
"Retorna!"



  


sábado, 28 de setembro de 2013

25/03/2013

“hum, você olha o céu?”

(Todos os céus de cá, aborrecidos aquários,
ressecasse estrela e
mofina lua
que diferença haveria?
mas as conchas, se constelassem acima,
tomariam águas-vivas por neblinas ,
ecos por marulhar de brisa,
pois se crestasse o ar na boca, m'orvalhasse o sal,
bebesse vento e respirasse fluido,
o Céu finalmente revolto e a
alta Maré apaziguada
cá ou aqui,
arriba, abajo,
talvez me afogariam na claridade solar
ou me fariam voar pernoite nas fossas marinas.)

“não, não, prefiro ir à praia para distrair, brow. Bora?”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ARVORECER



tornar-se planta,
germinar às avessas,
tornar-me semente.


e


me segurar;
Impedir cada raiz
conter toda seiva de caule verde
me alhear nessa ipseidade calma,
esterilizar-me.
.
Negar as intempéries a me decompor,
ser bruto, seco,
desejar-me âmbar,
ser fóssil
.
até que

não contendo
- as enxurradas martelantes,
trovoadas de cobrança repetitiva,
o soterrar-me em lama -
expulsar-me em
tantos monstros de toras e folhas largas
de alturas opostas às sovas e repisos,
que diria ser uma piada
a própria fé que não me tinha em
tempos de grão de mostarda.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

canaviais

Eu via os canaviais,
e
vingava-me em um Engenho sobre o outro
2 quilômetros ou mil:
imaginava toda a cana unir-se em uma massa,
um charuto,
um cigarro,
a querer o doce queimar feito o tabaco
incendiar toda a terra
cuspir cada açúcar com pigarros negros
como fumo picado
numa boca suspirante do tamanho de
 deus.

Eu queria ver outra coisa,
o já  visto,
 o inhame regado de sangue de Altino
e brotar o calejo das mãos sobre o catar das vagens tortas da minha
 Maria;
Esturricar as rolinhas caçadas
passar sal e fingir haver gosto de
ser caçador, plantador de

 outra terra,  outros dias?


Mas não há nada,... há cana;
há assobio das roletas chupadas pelos garotos das praias,
rapaduras perfumadas e batidas
para moças, cocotas bonitas.
há tantos bens confeitados em meus males
que pergunto se só há fel e bagaço
no rancor dos meus dias.
se me faltou um bombom, uma colher de melaço
ou cada grão de áçucar  como
um cisco d'amargor
no círculo das moendas alquebradas 
de meu tormento.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

sardas


sardas, constelações na pele...eu pensava desde menina
.
Mas
perseguia-me uma velha mucama na infância,
queria retirá-las uma a uma
com um unguento e uma benção qualquer,
mas como poderia?
Seria como apagar as estrelas
-argumentava para ela -
deixaria o céu negro, sem um ponto luminoso para que
,num futuro sem bússola,
quem de amores por mim caso se perca
não me encontre por partes, mas sim já por inteiro?
.
 Quão perigoso seria desorientá-lo, desorientar-me ,
se o beijo dado não indicasse o cruzeiro do sul, o meu rosto,
mas já um sem-guia em rumo a todo o zodíaco do meu corpo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Luxúria

sem fim

voltear-me de carne como  um espiral,
extirpar os ossos, os tendões,
malograr os nervos e obliterar os orgãos;
Só debulhar a pele e 
retornar cada arremate dos meus
sentidos sobre  uma heresia d' amor
sem fim.

dançar, arrodear , resfolegar
quase uma quadrilha de quadris.
Rebentar fogos de artéria a seguir
a matéria que em  querela co'a morte
procria os rebentos de enorme querer
perpetuidade
sem fim


disforme sobre vazia pele inane;
mas plena sobre as curvas que mais seriam
paralelas
de um pensamento meu a se desencontrar sem
fim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

figuras refugas de linguagem


.
Nós todos a querer ser hipérboles de nós mesmos
ou talvez analogia de...quem?
vislumbrar-nos paráfrases de um herói no reflexo d'espelho. 

São essas sinestesias de nossa confusão
que desejam o mundo não como encontrado
mas metaforizá-lo
à outra coisa além dele mesmo

segunda-feira, 1 de julho de 2013

formação

Arrebitar um ventre qualquer com um martelo inseminativo
esperar o devido tempo ...
Macerar a carne do guri  em apta musculatura de inércia
forjar a cabeça com liga leve de  chumbo
adocicá-lo em temperamento de bala de alcaçuz: 
pronto.Agora
cada filamento entrelaçado dos nossos genes como uma corda de forca
 a esperar o nó educativo
em estrangulamento
 ao espírito de um
 recém nascido.
.
futuro brilhante

segunda-feira, 17 de junho de 2013

.http// www.


.http// www.


migrantes de espírito do mundo
Derivados
de um tempo por mil pólos
matizados.


Esquecido de cada extremo
a alcunha de nascimento,
nenhum Tales mais de Mileto
nenhum nazareu mais de Yeshua.
Qualquer símbolos de
Nós ,
os eixos de todos, de todas
de tantas personas
fratellos por gosto agora e linkados por
ubiquidade.


Esquece teu nome
Acessa teu pão
compartilha tua frase.
.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

geração


.
todos nós paridos de amor
chocados por engenhos antigos
inadequados ao novo ou
de novo
.
seja pelas mãos das parteiras ou
pela cabeça de outra cabeça,
 criados todos
sobre o que veio : o passado
sobre o que não veio: vitória

E os
pensamentos prenhes de deslumbres velhos
enterrando-se de volta no ventre a derrota,
a querer miracular novidades da pele vazia e morta.
.
Pois na época presente só
há gerado por trigo o joio
nutrindo cegos-videntes
que miram os mortos heroicos
em esquiva aos vivos cadáveres
irmanados.

sábado, 20 de abril de 2013

Agricultor  de flores

virular de flores e m'adoecer conflito;
Expirar d'incenso mal e só poder crestá-lo
nos pulmões que s'incendeiam ao seco estalo
da essência que matéria é ao trabalho aflito;

 Cada Voz halitada no intervalo
de respirações em calejos, atrito,
suspiram suavizadas ao que recito:
"cultiva a atroz semeada que vai ceifá-lo"

 mais cravos que às graves  revoluções,
 não há luto sobre os Ais fertilizados
 ou um brotar sequer de daninhas ao chão
 dos enriquecidos.

e tudo ecoa num Soar apenas como  extorsões
que violam com circulares corolas os brados
das valas que em espirais fileiram
nós,os esquecidos.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ah, o futuro


.
pois  que eu, ainda banido da morte e
olhos celibatados de ausência,
mostre vida em memória a cada
aliança violentada,selos apagados;
e sobre pegada dos corpos, os repisos
e Ais fertilizados
que relidos em  toda a má lembrança envolta
me inscrevam outra
sorte... agora.

(março de 2013?que dia é hoje?amanhã, talvez))

domingo, 10 de fevereiro de 2013

um professor universitário


acanalhar-me e beber molotovs
Acender os pavios com os dentes
e implodir pós-classe e pós-bar:
“quelque chose gaudeamus igitur fuck yeah”

Será assim, eu ,quase vecchio,
contadas em quaresmas de repouso
a trupicar a noites com as residentes
a fumegar co'os olhos uma vida nua e
tragar a carne para
expirar mal  discurso.

vaguear em cabeças ocas
pois na minha cabeça cheia de ecos ( oca igualmente)
haverá alguém que escute sons
e se deixe fascinada por haver...
por ser moça de 18 anos.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

kodak do Delfos

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Os cinzas amarelo, ciano , magenta
a iluminar sequências de filmes- nossas más biografias-
numa caixa que virtualizasse um estoque de espíritos roubados ,
em seres endemoniados.
Reinariam eles num limbo, posados em decênios de falsa vida
se me devolvessem depoimento de tudo que não vejo ainda :
talvez outra mentira,
talvez o Paraíso.
.
click

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

família



aos pais dos meus pais dos meus pais...


.
parido e preenchido
o tempo.
Jovens imensamente e agora para além de velhos;
plenos e sem lacuna, mas
prenhe de rachaduras que há
 por concreto vivência,
e por argamassa, arrependimento .
.
Mas nesse lar em que já demolidos
poderemos nós dois voltar a ser novos
encobertos nos ossos
amalgamados aos anônimos
netos.
Enormecer-nos nos corações seus,
que têm por pilastras nossos corpos mortos,
e que vivos são autotestemunhos
do amor de nosso passado
esquecido.
.
Poderá ser assim. Foi assim. E será bom. E Foi bom.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Mais um adolescente lírico-facista no orlando's bar




A magnanimidade tudo menospreza para tudo ter (La rochefoucauld, maxima 248)
.
querer as vinhas da vida
o eu quero: tudo
o tenho : nada.
Mas.. e daí?
quantifica a Terra
e espreme o sumo tal que
lhe suguem os gatos em 7 vidas
sem remorsos.
.
Esgota e bebe os odres,
garrafas para que se guardem nelas as mortes;
é o tempo
de ter coração de ferro e entranhas de bronze
haver vinho entre as artérias
e liquidar a
alma de arrependimentos
.
Porque ( repito-lhe!) não é tudo o que eu quero, o equivocado :
mas o querer nada que não seja tudo.
E ,para isso é preciso, fracassar o mundo
para que alguém ,como eu, o vença. Um só, ao menos.
O mundo não pode ganhar..
.
Trôpego,cai e desmaia.

irrefletidamente ágape


 companheiros-espelhos,
e tão revés de reflexos
-vocês-
que se eu amasse a todos que conheço
haveria de ser o cristo crucificado 70 vezes 7