sábado, 21 de outubro de 2023

esquema- carta sobre a felicidade- Epicuro


carta a meneceu - epicuro

para jennifer , a quem não expliquei bem esta epístola. eis um esquema possível . o mesmo esquem em formato diferentes. para melhor visualização, sugiro que façam o download da imagem

terça-feira, 25 de julho de 2017

lembrem-se

No tempo da brutalidade...que música?
os ruídos balbuciam ameaças
e do bico de uma ave apenas estrondo.
.
Nessa algazarra de sons,
entoa o coro uma esquecida cantiga
onde o medo diminui o domínio,
o grito canta e a melodia reaje:
"L'étendard sanglant est levé"

quarta-feira, 11 de maio de 2016

refrão

uma vida sem proporções
medida por café
orçamento e pigarros.
saúde, dinheiro e trabalho.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O nome da besta




salgava as almas
e comia-lhe um naco.

talhava as bordas inúteis dos terceiros:
os dedos fúteis, decepados;
a barba, rapada;
os cabelos revoltos, agora em bonés.


gotejava o suor das lavadeiras
alambicando a pinga de velhacaria.
Passeava pela ruas atentos aos amigos de furto
e caminhava na ponte de pedreiros gastos
concretados os músculos sadios.

o seu nome ? seu nome era
Patrão

sexta-feira, 10 de julho de 2015

havia?


Historieta de Mohammed Lee da Silva


eu vivi de tédio
fumei cigarro nas horas pastosas
tamborilei sinfonias na mesa
olhei o teto e meditei, dormi,....dormi, meditei?
Quantos nirvanas falsos.

Apostei futuros arriscados com as moedas.
Coroa :peregrino, revolucionário, erudito.
Cara: segue reto ao trabalho.
Muitas aventuras imaginárias para as coroas omitidas.

Instrui-me:
li revistas novas de notícias velhas,
fiz glosas de sábios artigos burocráticos.
E, já no meu quinhão de poeta,
vendi meus motes a todo corpo
Mas no fim me casei com uma Quase de Castro Alves
Embora o divórcio tenha havido testemunhas e corpo delito.

Me dei bem pois é já meia-noite,
meio tarde, meia idade e
tenho uma história para contar
que envergonha um pouco meus pais e
divertem os amigos de boteco.

Mas tenho sonhos ruins, de vez em quando.
e me vem um ânsia de que havia outra coisa.
Havia?

quinta-feira, 8 de maio de 2014

férreo

.
Sangue composto por ferro,
Devo também enferrujar?
Estou caducando como as navalhas:
cego e inofensivo
a me condoer com as veias de ferrugem
que vergalham os ossos.
.
Mas , ao menos, consolo-me,
não me pesam os pensamentos como chumbo
nem enegrece a prata dos bolsos pelo avaro tempo - mortalha do mal gasto -
.
Sou daquele metal:
vulgar, comum, banal,
palavreando como os tinidos das correntes dos cativos
e a fechar os ouvidos e os olhos em ferrolhos .
.
Lembro-me como filho do corroído,
E ,evasivo, me esquivo dos planos grandes que engrenam carcomidos
e martelam ocos.

Mas,
Corto-me de vez em quando e
vejo um sangue tão vermelho que cogito se o que escorre
vem de um coração coroado de pregos torcidos
ou de uma nova mina a fluir tesouro.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

r.i.p


.
o homem é acendido e apagado como uma luz no meio da noite (Heráclito)
.
bebe um trago de sombra
boceja fora a alma;
mas acorda e mantém os olhos despertos, pois 
quem labora um dia de sete décadas 
não deveria aproveitar a noite seguinte?
.
 Desfruta os burburinhos
a esta hora, oram todas as caladas...
Escuta com os ouvidos ocos?
contam piadas também as falsas beatas...  
Responde você com o eco dos sussurros?
.
Mas fica onde está, é mesmo tarde ; 
já erram de direção os próprios caminhos
e quem quer que te queira em encontro
não será melhor errar perdido no retardo dos  
 vivos solitários?

que lhe batam a porta trancafiada 
Não cede!
Só observa
 os falir dos desejosos sons de volta
a esmaecer as forças que deram libidonosos socos de
"Retorna!"



  


sábado, 28 de setembro de 2013

25/03/2013

“hum, você olha o céu?”

(Todos os céus de cá, aborrecidos aquários,
ressecasse estrela e
mofina lua
que diferença haveria?
mas as conchas, se constelassem acima,
tomariam águas-vivas por neblinas ,
ecos por marulhar de brisa,
pois se crestasse o ar na boca, m'orvalhasse o sal,
bebesse vento e respirasse fluido,
o Céu finalmente revolto e a
alta Maré apaziguada
cá ou aqui,
arriba, abajo,
talvez me afogariam na claridade solar
ou me fariam voar pernoite nas fossas marinas.)

“não, não, prefiro ir à praia para distrair, brow. Bora?”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ARVORECER



tornar-se planta,
germinar às avessas,
tornar-me semente.


e


me segurar;
Impedir cada raiz
conter toda seiva de caule verde
me alhear nessa ipseidade calma,
esterilizar-me.
.
Negar as intempéries a me decompor,
ser bruto, seco,
desejar-me âmbar,
ser fóssil
.
até que

não contendo
- as enxurradas martelantes,
trovoadas de cobrança repetitiva,
o soterrar-me em lama -
expulsar-me em
tantos monstros de toras e folhas largas
de alturas opostas às sovas e repisos,
que diria ser uma piada
a própria fé que não me tinha em
tempos de grão de mostarda.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

canaviais

Eu via os canaviais,
e
vingava-me em um Engenho sobre o outro
2 quilômetros ou mil:
imaginava toda a cana unir-se em uma massa,
um charuto,
um cigarro,
a querer o doce queimar feito o tabaco
incendiar toda a terra
cuspir cada açúcar com pigarros negros
como fumo picado
numa boca suspirante do tamanho de
 deus.

Eu queria ver outra coisa,
o já  visto,
 o inhame regado de sangue de Altino
e brotar o calejo das mãos sobre o catar das vagens tortas da minha
 Maria;
Esturricar as rolinhas caçadas
passar sal e fingir haver gosto de
ser caçador, plantador de

 outra terra,  outros dias?


Mas não há nada,... há cana;
há assobio das roletas chupadas pelos garotos das praias,
rapaduras perfumadas e batidas
para moças, cocotas bonitas.
há tantos bens confeitados em meus males
que pergunto se só há fel e bagaço
no rancor dos meus dias.
se me faltou um bombom, uma colher de melaço
ou cada grão de áçucar  como
um cisco d'amargor
no círculo das moendas alquebradas 
de meu tormento.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

sardas


sardas, constelações na pele...eu pensava desde menina
.
Mas
perseguia-me uma velha mucama na infância,
queria retirá-las uma a uma
com um unguento e uma benção qualquer,
mas como poderia?
Seria como apagar as estrelas
-argumentava para ela -
deixaria o céu negro, sem um ponto luminoso para que
,num futuro sem bússola,
quem de amores por mim caso se perca
não me encontre por partes, mas sim já por inteiro?
.
 Quão perigoso seria desorientá-lo, desorientar-me ,
se o beijo dado não indicasse o cruzeiro do sul, o meu rosto,
mas já um sem-guia em rumo a todo o zodíaco do meu corpo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Luxúria

sem fim

voltear-me de carne como  um espiral,
extirpar os ossos, os tendões,
malograr os nervos e obliterar os orgãos;
Só debulhar a pele e 
retornar cada arremate dos meus
sentidos sobre  uma heresia d' amor
sem fim.

dançar, arrodear , resfolegar
quase uma quadrilha de quadris.
Rebentar fogos de artéria a seguir
a matéria que em  querela co'a morte
procria os rebentos de enorme querer
perpetuidade
sem fim


disforme sobre vazia pele inane;
mas plena sobre as curvas que mais seriam
paralelas
de um pensamento meu a se desencontrar sem
fim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

figuras refugas de linguagem


.
Nós todos a querer ser hipérboles de nós mesmos
ou talvez analogia de...quem?
vislumbrar-nos paráfrases de um herói no reflexo d'espelho. 

São essas sinestesias de nossa confusão
que desejam o mundo não como encontrado
mas metaforizá-lo
à outra coisa além dele mesmo

segunda-feira, 1 de julho de 2013

formação

Arrebitar um ventre qualquer com um martelo inseminativo
esperar o devido tempo ...
Macerar a carne do guri  em apta musculatura de inércia
forjar a cabeça com liga leve de  chumbo
adocicá-lo em temperamento de bala de alcaçuz: 
pronto.Agora
cada filamento entrelaçado dos nossos genes como uma corda de forca
 a esperar o nó educativo
em estrangulamento
 ao espírito de um
 recém nascido.
.
futuro brilhante

segunda-feira, 17 de junho de 2013

.http// www.


.http// www.


migrantes de espírito do mundo
Derivados
de um tempo por mil pólos
matizados.


Esquecido de cada extremo
a alcunha de nascimento,
nenhum Tales mais de Mileto
nenhum nazareu mais de Yeshua.
Qualquer símbolos de
Nós ,
os eixos de todos, de todas
de tantas personas
fratellos por gosto agora e linkados por
ubiquidade.


Esquece teu nome
Acessa teu pão
compartilha tua frase.
.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

geração


.
todos nós paridos de amor
chocados por engenhos antigos
inadequados ao novo ou
de novo
.
seja pelas mãos das parteiras ou
pela cabeça de outra cabeça,
 criados todos
sobre o que veio : o passado
sobre o que não veio: vitória

E os
pensamentos prenhes de deslumbres velhos
enterrando-se de volta no ventre a derrota,
a querer miracular novidades da pele vazia e morta.
.
Pois na época presente só
há gerado por trigo o joio
nutrindo cegos-videntes
que miram os mortos heroicos
em esquiva aos vivos cadáveres
irmanados.

sábado, 20 de abril de 2013

Agricultor  de flores

virular de flores e m'adoecer conflito;
Expirar d'incenso mal e só poder crestá-lo
nos pulmões que s'incendeiam ao seco estalo
da essência que matéria é ao trabalho aflito;

 Cada Voz halitada no intervalo
de respirações em calejos, atrito,
suspiram suavizadas ao que recito:
"cultiva a atroz semeada que vai ceifá-lo"

 mais cravos que às graves  revoluções,
 não há luto sobre os Ais fertilizados
 ou um brotar sequer de daninhas ao chão
 dos enriquecidos.

e tudo ecoa num Soar apenas como  extorsões
que violam com circulares corolas os brados
das valas que em espirais fileiram
nós,os esquecidos.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ah, o futuro


.
pois  que eu, ainda banido da morte e
olhos celibatados de ausência,
mostre vida em memória a cada
aliança violentada,selos apagados;
e sobre pegada dos corpos, os repisos
e Ais fertilizados
que relidos em  toda a má lembrança envolta
me inscrevam outra
sorte... agora.

(março de 2013?que dia é hoje?amanhã, talvez))

domingo, 10 de fevereiro de 2013

um professor universitário


acanalhar-me e beber molotovs
Acender os pavios com os dentes
e implodir pós-classe e pós-bar:
“quelque chose gaudeamus igitur fuck yeah”

Será assim, eu ,quase vecchio,
contadas em quaresmas de repouso
a trupicar a noites com as residentes
a fumegar co'os olhos uma vida nua e
tragar a carne para
expirar mal  discurso.

vaguear em cabeças ocas
pois na minha cabeça cheia de ecos ( oca igualmente)
haverá alguém que escute sons
e se deixe fascinada por haver...
por ser moça de 18 anos.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

kodak do Delfos

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Os cinzas amarelo, ciano , magenta
a iluminar sequências de filmes- nossas más biografias-
numa caixa que virtualizasse um estoque de espíritos roubados ,
em seres endemoniados.
Reinariam eles num limbo, posados em decênios de falsa vida
se me devolvessem depoimento de tudo que não vejo ainda :
talvez outra mentira,
talvez o Paraíso.
.
click

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

família



aos pais dos meus pais dos meus pais...


.
parido e preenchido
o tempo.
Jovens imensamente e agora para além de velhos;
plenos e sem lacuna, mas
prenhe de rachaduras que há
 por concreto vivência,
e por argamassa, arrependimento .
.
Mas nesse lar em que já demolidos
poderemos nós dois voltar a ser novos
encobertos nos ossos
amalgamados aos anônimos
netos.
Enormecer-nos nos corações seus,
que têm por pilastras nossos corpos mortos,
e que vivos são autotestemunhos
do amor de nosso passado
esquecido.
.
Poderá ser assim. Foi assim. E será bom. E Foi bom.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Mais um adolescente lírico-facista no orlando's bar




A magnanimidade tudo menospreza para tudo ter (La rochefoucauld, maxima 248)
.
querer as vinhas da vida
o eu quero: tudo
o tenho : nada.
Mas.. e daí?
quantifica a Terra
e espreme o sumo tal que
lhe suguem os gatos em 7 vidas
sem remorsos.
.
Esgota e bebe os odres,
garrafas para que se guardem nelas as mortes;
é o tempo
de ter coração de ferro e entranhas de bronze
haver vinho entre as artérias
e liquidar a
alma de arrependimentos
.
Porque ( repito-lhe!) não é tudo o que eu quero, o equivocado :
mas o querer nada que não seja tudo.
E ,para isso é preciso, fracassar o mundo
para que alguém ,como eu, o vença. Um só, ao menos.
O mundo não pode ganhar..
.
Trôpego,cai e desmaia.

irrefletidamente ágape


 companheiros-espelhos,
e tão revés de reflexos
-vocês-
que se eu amasse a todos que conheço
haveria de ser o cristo crucificado 70 vezes 7


sábado, 28 de julho de 2012

sim, sexo


un monstre gai vaut mieux qu’un sentimental ennuyeux”

 
gaio rapaz, gaia moça!
carne -  pouca memória
espírito- lembrança

"pede o corpo 
 cala o íntimo?"
não, não.. é outro domínio
vai!
gaio rapaz, gaia moça

 
luto de dias ou anos
o que enviuva
o que se solta?
certamente não os dias, 
não os anos
 
 preserva ?
 esquece?
lembra do que não precisa memorar 
Adelante ou detrás
gaio rapaz, gaia moça 


 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Previsão esquecida

O senhor, cujo oráculo está em Delfos, não fala nem esconde: ele indica (Heráclito)

Não ultrapassará o limite do horizonte 
mesmo que  verticalmente seja contido ao seu rosto
 linhas idênticas
sob vértices diferentes

arredondai as arestas da esguelha do olho, 
um engano da mente,
conjecturas sob conjecturas;
fazer do ponto cego 
o mais luminoso

fingir que a reta óbvia
é apenas um milhão de pontos e nada
que se enxergue além dele.

                                                  .

sexta-feira, 1 de junho de 2012

ele, ela =eellea


eu que tinha os olhos carmesins
as faces por se querer amaciadas
e o sorriso entreaberto para...
não era o meu rosto a se transformar, com a  própria proximidade,
na mulher que me deitava beijos?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cabeça compenetrada




uma qualquer órbita toma
minha cabeça:
fosse uma auréola .
cairia em
tangentes,
espirais de
centrífugas
a fazer inclinar
toda as nuvens leitosas
do meu divagar
de frenesi.
mas o crânio é duro:
não cai nem por balaço;
a bambolear
mas torna sempre,
sempre a mim (e a ti).
Deve ser o movimento dos quadris.

blen,blan,blão


Sinos dobram,
dobram-me;
não,não morri
mas morreu algo;
não sei bem o que é
ou quem.
não , não fui de luto
não,não foi nada
para ir de luto...

Descobri!
foi o próprio sino
emudecido ,
morto;

redobra-me ele 
a atenção;
para o que não
anuncia.
Tudo a a partir de então
 me engana:
  jaz todo o alarde
 se faz calado,
 sem qualquer tinido.

Não sei se há maior prenúncio de morte.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

- Eu nada tenho a ver com isso



“Eu me pergunto se não podemos nos recusar a herdar o mundo”
“ eu acho que se você nasceu, já é tarde demais” (Calvin e Haroldo)

profecia I

Quando o aço for dissolvido no vinho
e os olhos chumbarem ao chão
o peso de um mau milagre leve
há de fazer cair os mil inocentes culpados ao meu lado.
Decaiam!
Acordai! e
cabisbaixem-se;
procurem um muro de lamentações
e não acharão senão os
ombros um dos outros.




p.s: breve lapso de solidariedade. passou.







                                    



terça-feira, 1 de maio de 2012

um hercúleo adolescente escritor e o bibliocídeo de uma biblioteca municipal




Opositores em série:
uma turva visão:
um, dois , três
socos ao ar
a revelia de dores
e jabs na face,
 murros no  estômago.

Eu não cedo:
aumentam as dores
devem estar cansados
e mo gritam urros potentes
como força última.

Eu me engano:
o socos aumentam.
cada qual, fantasmas
de natais passados e futuros
mostram minha miséria
vindoura , já feita
e as feitas pelos meus pais
( e não cessam de me espancar)

A esta hora em que já cuspo sangue
apelo para deuses pagãos,
hebreus, monotéista
politeísta
mas, nada;
se são demônios
não se exorcizam
se são anjos
são do apocalipse

|Eis que a dor pára
(não pára em verdade
mas já não a sinto tanto)
seguro, suporto,
revido furiosamente
com ignóbil indiferença.

As coisas começam a parar
uma a um os golpes páram
e eis que tambem um à um me deixa
com pavor ,como brisa,
ao me ver sentar na escrivaninha e
começar a escrever. Criarei
meus próprios diabos
,o sabem bem,
não preciso mais deles
senão como referência apagada
de uma dor menor documentada.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Então a alma penetra na escuridão, porque diante da falência das virtudes, das quais nada mais espera, já que não as possui, só lhe resta penetrar nas trevas. ( Sêneca, da tranquilidade da alma)


breu,breu
todas as máximas : breu!
Não era afora:
nem eclipse azulado ou
lua  em si afundada
que aniquilou ou escureceu mais
a  minha vaga estrela morta


Não era também o íntimo
decadentismo próximo a medula
que atribuíam aos estremecimentos
recrudescidos na fisiológica
anima mea


Nem havia nada acovardado ao futuro :
ri-me dele:
uma tela azul,
cores pixeladas ou arco-íris portáteis
não poriam de cócoras
as sentenças do meu pensamento.


E qual escuridão afanava-me o verbo?
punha a luz logosófica como farsa?
Não o sabia: era  breu
um forte esclarecimento entre tudo o
que havia por antes mal avaliado e
o  todo enegrecido que assassinava  uma mentira luminosa.




sábado, 28 de abril de 2012

oração de exorcismo contra os pagãos trabalhadores

vade retro os osíris cansados:
guardem a noite
lampiões, curumins insones
e beberrões
procrastinando um dia de juízo
laborioso
e esperando, por isso,
 compadecimento de juízo
 final.


Liturgia :

fazer sinal da cruz
uma pouco da cachaça para o santo
uma moeda ganha com suor do rosto e
desperdiçada com compra de amendoim

Amém, saravá ou o escambau

a verdadeira alegoria da caverna

afia-se, cutela-me de
ponta à ponta estalactite
estalagmite embaixo.
ponta  à ponta estalactite
nem terra, nem céu
de ponta à ponta
estalactite,estalagmite.

domingo, 8 de abril de 2012

ossos do ofício

um agricultor de covas
aos ossos nascidos brancos da terra;
arranque um a um a grosso modo
agora  que campônios de hortas das hordas
semeiam cruzes nas voltas de colheita




quarta-feira, 28 de março de 2012

x = y = z = ...

unificadas fossem todas as rotas, ideias e latrinas
uma a uma idêntica:
merda, caminho, quintessência
 para que toda tolice , vadiagem

descargassem sobre os mesmos
encanados tubos, as mesmas vias
d' oceano inesgotado d'esgoto imenso

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

.

um mal de linhas certas e palavras tortas:
vaidade?
necessidade dissimulada?
.
será uma esferográfica  somente
conduzindo a não sei quê
de não sei por onde
por quanto houver recantos do papel?
 .
ou será
um estampido de caneta
anunciando um balaço de borracha
a apagar palavras velhas para  donzelas novas,
 a fingir amnésia com Camões,
que o faz reescrever
reescrever, reescrever?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

cânticos frígidos


Pernoitemos  em outro bendizer , Sulamita,
há muito os  cantares não nos abrigam,
deixou nossa morada a palavra
e dentro dela  fugiu  prenhe ao ventre
o amor.


Dos comentários passados
 desperta a mudez , Sulamita;
a morte de sussurros
habita beijos abjurados,
discursos abjurados.

Os cânticos já não são, Sulamita,
o amor bendisse a nós e pernoitou aqui
mas se foi;
o amor era a própria palavra.

sábado, 21 de janeiro de 2012

barômetro de hoffman


Medir as temperaturas e  os fenômenos atmosféricos da alma
seja o diabo no corpo 38,6 de luxúria
a bebedeira d'alegre .. quantos graus?
quantificar,quantificar, quantificar!
a almas todas bem calculadas sirvam
para o momento que
junto em todas as medidas
 se pergunte
qualificar,qualificar,qualificar!
o inefável , o ponto cego, o ainda não possível quantificar
 ainda há!



ps.:
uma pena. queria eu só quantificar ( postivismo) ou suprassumir quantidade na qualidade ( dialética). não dá.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011




Nosso  deleite está na lei do equívoco
       que, querendo-se certo, medita
       do alvorecer até a taciturna noite;
É como o incerto número da madrugada
       entre a lua nova e
       o primeiro toque da matina:
"Quantas  horas se passaram?"- não sabe responder-
      Assim são os homens infelizes,
      a vagar as noites do sonho desperto
      à procura de leviano julgamento
      por não haver sono dos justos

sábado, 10 de dezembro de 2011

mitos da vida privada



Cassandras me encheram o saco do futuro
não eram elas delfos, oráculos, pitonisas
ou qualquer diabo profético:
eram só vagabundos palpites ,conselhos,
pitacos da boa e velha vida alheia
estúpida
incomodada.

deixe cá errar, ora merda.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

blablabla

"[...]Enforcai vossa filosofia! A não ser que uma filosofia possa criar uma julieta, transportar uma cidade, ou derrubar uma sentença de um príncipe, para nada presta, nada vale" (cena 3 ato 3, romeu e julieta)


pouco pode esse discurso
estrangulada a voz do eloquente mudo 
o que se pode falar senão
o que deu errado 
o que não se concretizou de todo?


dados históricos? 
vamos lá...
os plebeus, os escravos de Espártaco, o russos pobres de 17 , a primavera despetalada de 48...
enumere o rol
rolaram todos para as valas!

vamos!
vadiemos com as palavras 
vernaculemos  os galicismo de 1789
 nos esclareçam as Kantigas a priori
progressos históricos alemães
ou pós-modernas desistências. 

para nada presta , para nada vale...até quando?




  

terça-feira, 29 de novembro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

levíticos 26:10


o novo pare-se do velho
estupra o velho 
utiliza-se e se nutre da carcaça
e talvez cave  o resto para santificar ou para
 esquecer.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

apócrifo hegeliano

no momento em que o espírito , no seu círculo, encontra uma linha tangente que culmina não no absoluto , mas na supressão, retorna-se à Natureza que se quis superada como espírito ( and failed).

=

tradução contemporânea:

toda cultura progressista se fodeu nas guerras,
volta-se ao momento da natureza sem espírito
uma vez que todas as caveiras debaixo da terra

sábado, 25 de junho de 2011

camponeses

almas tristes colhidas ao colher as sementes do trigo ,

houvesse pão

houvesse alimento do espírito

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ninfa eco ou o eu

solfejarei a voz do Outro

se a voz que me tem para o mundo

são notas, hinos e fá sustenidos

de narcísicos amores por todos

que

de si'dmirados .

quinta-feira, 28 de abril de 2011

desabafo de antigas leituras

um dia qualquer e o diabo na mão e no teclado . nem todo o brilhantismo circundado pela literatura, nem a literatura do lodo do index pode arrematar o que o desposa o desejo de presente e do rancor de narrativa como passado.

litera e letras; epistolas e manuscritos ; alfarrábios e nó dos cadarços ajuntado às folhas escritas: tudo não passa de alguns dados a serem esmagados.

disseram que o que poderia matar o homem já morreu há milhares de anos . estavam enganados .mataram o homem com seus livros e seus livros livres mataram com a tinta de Gutemberg e o papel dos chineses. era muita informação e todas informação matou o homem que, não podendo ser idêntico a humanidade a sua obra , fragmentou-se na perspectiva do pedaço deformado. a ânsia de verdade nos livros se matou por encontra a verdade não nelas, mas em si. e a verdade era só um desejo subjetivo e não a verdade.

foi-se o tempo de esperança quando a objetividade se esfalfou na relação do sujeito. foi-se o tempo do sujeito quando o objeto se encontrou imerso no objeto.

restou o ponto ambíguo onde o verdadeiro é o ponto mínimo em que a verdade se instala ao obcecado e que como tal, não pode viver num mundo que por premissa não pode se levar plenamente a sério. ser atento a vida sem levá-los a explicação a ultimas consequências. A última consequência não permite o paradoxo de ser humano e de viver com outros humanos.

ah verdade estúpida.

anel

In brightest day, in blackest night,
No evil shall escape my sight (...)
Hal Jordan

moldo o real no efetivo de minha vontade
que diante a imagem da mente torna por si e a ti...Realizado!

um pensamento de mero sentinela possa talvez
,mais que um césar,
amar e realizar
criar do incriado


poder , por fim ,casar o real desejo
ao efetivo da virente cor que se ilumina
e esperar conciliação nessa aliança
de todo coração legado

segunda-feira, 18 de abril de 2011

No Cáucaso

Nem todos os templos dos homens
Nem a voz grata por presente inflamado
Há de subir o mármore dessas escadarias disformes,
Tornarem sinos de louvor os grilhões


Desse cimo... ouve-se,
ouve-se o galo
núncio de raça humana
Enquanto mo custe despertar em carne à rapina.

domingo, 17 de abril de 2011

Cálculos

determinismos+ aleatoriedades + inesgotabilidade de formaçãoo do sujeito = visão equivocada de si ou vulgo identidade.


multiplique o resultado pela liberdade limitada pela sua perspectiva e situação , depois subtraia por algo que lhe escapa e


talvez dê um resultado além de zero. uma vida talvez

sábado, 16 de abril de 2011

breve orelha de si

O que é um livro que nem mesmo sabe levar-nos para além de todos os livros? (Gaia Ciência, Livro III)


Cresci na poeira de sebos.
Os pulmões
respiram o pó de livro asfixiados há muito;



As flores recebidas

só secas

Marcam sonetos d'afeto de outrem para...

quem? amores sepultos



As palavras d'afeto

dedicatórias de homens e moços já mortos...

tudo datado

de todos os livros ante os livros de raridade

ou vulgos.



Mas eu,

eu ainda não.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

fenomenologia

Experimenta
não esgota
como prima facie!
como nunca parasse
para si
intencional
fenomenal! ,

tudo certo,
se não se matasse
no próprio método .

descreve algo para alguém
separa de novo sujeito -objeto
fim da fenomenologia.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um compromisso importante, ao menos

. A Quem às datas é possível
Sob as regras, dias ,todas as épocas
Se a verdade, ignota peça,
Ignora os dias, regras, todas as eras?

Fosse a idade, o instante que via
As regras, os dias, a hora funesta,
Que em veraz idade de Caronte a tempo
Vertidos co’ os remos , os ponteiros,
Cumprir-lhe pontual promessa


04/10/2010
“Dois símbolos carmenos / De felicidade “
Aldo Cabral e Benedito Lacerda

Passe o tempo derridente,
que eu...
Eu canto e assobio entre encontros
e ante qualquer hálito de calvário.Sou Anti- ao Tristemente
Crescendo a boca em favor d ‘ecos de agouro
se mo sela o símbolo carmenos nas faces .

Smack!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Edmundo - 20/11/2009

" eu seria o que sou, mesmo que a estrela mais virginal do firmamento tivesse iluminado a minha bastardia" ( Rei Lear, ato I, cena 2 )

“A minha estrela se apaga em cor mais fria”

O signo da promessa se vinculou astúcia

O zodíaco se afeiçoara a despudorada melancolia

Iluminou em minha fronte obscura argúcia

“A minha estrela se apaga em cor mais fria”


. “A minha vontade é subscrita as moiras”

O meu quilate avaliado ao firmamento

Opaco brilho enegrecido a faísca loira

Nobre instinto a tingir rubro ao cimento

“A minha vontade é subscrita as moiras”



“O meu destino descende de desatino divino”

Sobre em lunático errático a lua o aponta

A aguçar intempéries marés o comportamento ferino

A ser prole que materno loucura o desponta

“O meu destino descende de desatino divino”

.

Que mentira ! que mentira...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O puto da puta

Bem quero Friné, sem pedir-lhe apreço

d’avaro amor que por mal a todos paga

se a onero ao fremer que nem bem lh’ afaga

na vã desgraça ao dolo entorno ao bom preço.
.

Mal quer Friné, ceder-me ao custo em avesso

Se má Fortuna aos bens gentios só traga

compensa ao doer se um vulto vão lh’ apaga

A Luz noturna que em hostis careço;
.

Diurnas são outras solares oferendas

Se ao amor friné passeia e m’arrebata

A mo amar toda de graça às Kalendas;
.

Qual vestido a corar ouro , a prata

Amarrar-me-á às tênues sedas, fazendas

Que da noite só ao dia  outro mo  desata.


18/10/ 2010 modificado em março de 2011

Flor pensante

Para mim e a P. Hadot



Dimidium facti qui coepit habet: sapere aude

Horácio



por ora, flor do século 'inda recente

uma promessa

Ao fruto mais calado, prenhe de colores dos helenos

que pende a querer depositar em si

(qual qualquer fruto futuro)

o germe dos antigos, os figos ,A maçã de Eva aos homens

caso houvesse ( e há)  causa, esforço e o pólen do

vivo talento... talento vivo



28/01/2011

Dorian

Bem conte o tempo- EU não conto

o breu das horas se a mocidade

Esconde a cada evento envolta

 ao Brilhante retrato do ideal a ser  liberto

 Eu , que já há muito pintado à libertinagem .

Jano

É findo...

E os tempos já mortos, a vida em

década ,decadência em decalques

Do desfolho de dia pós-dia...

.

Mas.....

Adia...

As vielas dos tempos em cansaço

Se hoje não finda a via finesse

champagne em moringa ,

Mas o queira

E queira bem,

Escutar por igual

beijos ou fogos em estalos

Aos violentos recantos

Dos símbolos dos portais

Que convencionam meu canto a esperar

Do que espera de dia pós-dia

apagado

31/12/ 2010

segunda-feira, 28 de março de 2011

D. Giovanni

À  F.

.

Ah,carne que nos mata lealdade
Se o espírito fraco vê descontente
paixão sobre paixão em consequente
à leal mentira que ama outra verdade

.

Ah , toda alcova afasta a sóbria idade
E aceita outra a outra mais recente
Se sob o sangue que lateja, assente
Ao corar da  tola  f e m i n  i  l  i  d a d e

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

dos olhos seus aos meus e vice-versa

Um rapaz
De faces por embaraços coloridas
D’ olhares estranhos ( aos que bendisserem – distraídos? –
Aos que escarnecem : – Autista? –
.
Mas ao s’ olhar,
Mas ao só olhar
S’Invertendo ao extremo a vista perdida
No encontro do corar e ao interrogar sobrolhos
Reverte-se a questão por decoro calada , mas
Ambígua:
-Quem são os rostos pálidos
Ao afazeres concentrados
A ter sempre, sempre algo em mira?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Planejamento

Coração tem vias estranhas,
ruelas marginais
mendicantes, compadecidos
passantes, esmolés...

A se perder no planejamento
nas abóbadas antigas
Os monumentos novos, pós-modernos,
gastos,
em reforma ...

Ah! No tempo certo
Arquitetos, engenheiros... Onde estavam?

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Horas

Vai! Morre o tempo a imensidades
E sobre véu d’infância corre atento
Por tardança consoante ao velho invento
Que sobre horas mo latejam idades...
.
Foge! Sobe os ponteiros sob vivacidades
Que além relojoeiro, marcam a descontento
Em queda o rosto, em quedo depoimento
Dos azares aos que bendisseram longevidades...
.
Quantas décadas decorrerão
E a que grão d’areia derradeiro
Mo derramará ampulheta em vão?
.
E a que badalar dos sinos certeiros
Serão findos e enfim terão
Entregues os segundos a instante inteiro?
.
....
.......
# sem métrica

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sol apagado

Emerges sob aurora cabeça!
A que por agora t’ impões em poente?
Tu, força d’outrora e como por força ausente
Se em luzidia vigoras e ainda a noite envereda...
.
Como que já excluso os luares e de luar entristeças?
Tu estrela mesma, como de si ascendente
Há d’aceder impotência se houvera de ser todo potente
E empalidecer cara se em escarlates as labaredas?
.
Como eclipsado se em próprio és clareza?
Como por deixado e a ti permitido tristeza
Se em pujança és legado d’autônoma alegria?
.
Vais! T’escondes por mais um noturno
Mas não esqueces teu chamado, o grito soturno:
Ainda há o Dia! Ainda és o Dia!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Final de ano, final de idade, final de tanta coisa... só nunca me aparece é final feliz.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lua nova

.
E em minguante antes que às marés pudesse
Elevar e em nem mais ao marejar das Estrelas
Possa eu ser consolo
Em celeste solitude, meu contorno
S’apaga se a servir só a essas faces tristezas...
.
E sobre acesa a noite em lampejos os Cometas
Mo passam a suceder seus deslumbres
E em véus delineiam tal entalhe ao noturno
Que mo revelam irrelevante se Lua ou se vulto...
.
E ainda que ecoem as baladas dos bobos
E em verso ensejem todo meu nome
Que vale emprestado amores ao meu rosto
Se em rosto outro dedicado alusões que mo tomem....
.
.
.
.
esqueçam de vez as luzes,
só restam trevas aos meus  luares

domingo, 20 de dezembro de 2009

Trabalho

- ou breve intervalo devido ao mesmo-



“Quando sentir vontade de trabalhar senta e espera que verá que passa...”

Vovô Domenico



Exposto e em ausente cansado
Descansa presente exaurido
De pretérito a prescrever o enfado
Em fadados os encargos munidos
.
E eis que descontente amargado
Inda em regaço ao ócio perdido
Ao desencanto trabalho enredado
Que aos fios embaraço escondido
.
Tripalium trespasso mortiço
Três vezes o horror recusado
Três vezes a tortura cativo
.
Labores a brasa atiço
Se escara ao dorso marcado
Mantém carcaça do mouro vivo
.

* sem métrica
idos de  março de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Qual o problema?

Ou se descobrir como o próprio

.

Pois eis que escrevo de instante a instante outro os poemas
Que dissonante em ternos versos vos oferto
Se a vós, destoante Adorno longe e a entorno perto
M’ evita Contorno quiçá envolto aos problemas
.
E ao rosto em breu aos problemas vossos, meus dilemas
Hão de ser ‘xpressos ao que encobris descoberto
Em cenho em apuros e ao silêncio entreaberto
Em clareza ao imenso obscuro que a voz emblema
.
E flutuo escritos em interrogar disperso
Se a dificuldade à palavra vos pertença
Ou oportunidade falta em dizer o adverso
.
E investido em verbo e mo tendo toda a presença
A mo desvelar ainda vos mantendes submerso
Se submerso mantendes oculta indiferença
.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Desfeito Afetos recentes

.

Hei de esquecer afetos, saudades
Se em mal sentido e a bem ressentir doê-los
S’ sem todo tempo e por tolo já tê-los
Mesmo em saber remetido ébrio às brevidades
.
E nem bem afeito aos amores já mo evade
Se só permitido em instantes sê-los,
Mas permanecem relutantes zelos
‘Inda velados sobre estanque sobriedade
.

E que cedo o retardo mo resguarde
Com o que em tormento à via já se parta
Com ônus de espera momento a’ outro dia à sorte
.

Segredo a vagar a outrem que m’aguarde
E que ao degredo afeiçoado reparta
Em além efemeridade que mo comporte

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Oferenda

Ou quase um ponto de umbanda

.
Que recendas alfazema ao verde já
E em prenda o mar te traga
Qual se a favor marulha em paga
À presença a que t’ofereces o orixá
.
E que pertença a ti moça d’ Iemanjá
Se em penedos remares por vagas
Compensas que a luares t’ afagas
Se flores entregas d’amor ao orixá
.
Que acenda vela à vela barca
E Em quebra às pedras que onda marca
Marque água em salga ao que vos abençoar
.
E quem ora por outrora graça
Em recolho já dada as flores a flor nasça
D’Espumas aos (dis)sabores do mesmo mar
.

* sem métrica, sem revisão, sem tanta coisa...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

labirinto

ou corredores de desencontros
 .
Eis que a encontro a esmo
Em esquina d'outras ruas, as soltas vias
Mas pressentem passos aos corredores mesmos
A quem corre e em dissabores mo desvia
.
Sobre que viela há de se pôr em termo
O
que intermitente parede mo sobreavisa,
E se em escusa acusa o muro ermo
De não encontrar o que em já’diante visa
.
A que voltas há de se precisar certeiro
O que se em atalhos sorrateiro
Intentos em espaço outro já a guia
.
E que fracos caminhos por benfazejo
Permanecem a bem querer os desejos
Se se depara a encruzilhada vazia...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Insônia

Não apenas desposo Dia
Se diária Noite a repouso
Insone vida não mo divorcia
Ao que de sono sorte resta pouco
.
E a que noites em que vadia
Vá de apagar ao que em paga ouso
Com o labor descontente ao que lar dormia
E em lá por ausente de já o arca louco
.
Embalo os sonhos presos a soltos
Desvelos de abalos pestanejos,
Deitados pálpebras,soerguido olho
.
Resvalo em doma aos revoltos
Anseios dos leitos em sobejo
Que
mo sondam e em sono tolho

* sem métrica

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ascendência de afeiçoado

.
Sou eu temeroso ao amor cansado
E em cansaço a destemor de tal augúrio
Reivindico má fé em extirpado o amargo
D’ estirpe minha em alegrado mesmo ao seu ascético futuro
.
Acreditaram ascendentes meus, igualmente verdugos,
Em afeitos os afetos naqueles presentes afagos
Que não filhos outros e em porvir filhos meus em reparo
Creditariam qual fiança mesma dor em amores indultos
.
Que herdeiro aceitará em fortuna desolado
Em dolo aos clamores dos antigos sepulcros
O sangue próprio daquele que sempre afeiçoado
Para o sangue novo forçado repetir em amor estorvo escuso
.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Afeição ao recém conhecido

'E quando nos vemos?'
'Por aí'
.
Não tens querido de hesitar a quem invades
Como convidado com ares estrangeiros
Se em adiantado e ‘inda em retardo és o primeiro
Que em mal conhecido já mo prescinda saudades.
.
Desconhecido, há de te ater às caridades
Se em verdade remetido em mentira esgueiro
Ao que em mentido em lembrança a ti verdadeiro
Nas porfias que lanço em contento as frivolidades.
.
Se ao tolo dialogas em vil casualidade
E em todo t’arrogas afeto derradeiro
Ainda imerecido saberás sorrateiro
Que ao peito senão amor ao que a ti amabilidade
.

sábado, 21 de novembro de 2009

(d)escrevê-la em ausência

E eis a palavra, palavra da falta
Em presença ao que de lembrança atesta,
E escoado a ecoava ao que letra ressalta
Em pretensa a falta mesma que resta
.
E soava entoado afora ao corpo desta
Em que sinestésico a transcrevê-la tão alva
Naquela palavra que falsa honesta
O amargo sentido a boca em tola ressalva
Se ao que escrito verbo a amores empresta
.
A que enganos d’acolher em grafos a alma
Se em todos os versos ausência gesta?
Que signos desenvoltos a estática calma
Serão jus a revolta a que sentimento molesta?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

.

Qu’est-ce que c’est?
...
C’est seulement solitude mon ange
Qui sur les ases parfois plus étranges
Dans un vol, presque une chute parfaite
Par l’espace indefini
Par une abîme qui je suis dejà perdue
Rencontre dans profondeur le (des)espoir du bonheur


escrito em idos de março de 2009

Pinão

ou como estragar tudo por nada fazer
.
Reclinou-me a face negros olhos, negros cabelos
E sobre que disfarce declinaria eu os descompassos
A batida de peito que já lassos não mo fingem mais os apelos .
E assim perguntou para que mo indagasse em palavras tragado
Pelo mar de revoltos desejos, se o faltara com palavra mesma o afago,
Se em afogado aos gestos trêmulos hesitava também convulso os beijos.
E em questão enredado aos enredos de tímidos palavreados
E a mão perseverante em asseverar os receios
Afastou outra vez os afetos em silêncio lançado
Permaneceu em fato a coragem ao acovardado  devaneio

Noite em Dia das Neves

.
As maçãs dos amores a infância sorriso
Ao que filhos em pais similares
Assimilado carrosséis aos pares
Em ares aos giros dos anos em viço
.
Algodões remetidos doces avisos
Lampejo colorido em brilhos luares
Noite que fosse saudoso os pesares
De leves olhares em garoto noviço
.
E assim noturno revisitado reviso
Ao que por em remoça aos moços azares
Dos alegres joguetes familiares,
Da prece altares festividade submisso
.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quando navegante morto

ou lembranças de corsário II
.
(Flutuo)... Terão de ser os nautas caravelas
Para que conduza via em salva terra
E embora bem quisto ao mar, norte o encerra
Para cercania aos Elísios que morte vela
.
E hão de obter em grilhões tormentada procela
Que ao em motim meu capitaneado aterra
Corsários turbilhões a eterna guerra
Em destino inferno o fogo ao que fogo as velas
.
Levante de sua cova bucaneiro!
As Caveiras por ora somente o velejo
‘nquanto a juízo final não cativeiro!
.
Que descansem ao céu marejado primeiro
Cõ’o oceano a anjo por nereida desejo
Netuno pagão ao inverso a Deus campo Cordeiro
.

Falseia o que sente

.
Espasmo sob o rosto silêncio vertido
Se em investido o que cristalino olho
Não comisera ao que afeiçoa do tolo
E em mácula sem lágrima o choro diluído
.
Mantém-se postura em altivo empedernido
Embora imposto desmaiado em desfolho
Ao
desfolhar dos amores em dolo
Dos
outonos que a outros em clamores cedidos
.
Sob o que enganos a todos feitiço
Engodos ao sentimento postiço
Que entre dores em comedimento recosto
.
Ao que da pele ao couro por curtido
Tez que fragilidade o fez corroído
Atenua-se aos falseios em sorriso do rosto
.

Escrevi e a Li em erro?

 .
Sendo subscritas linhas a minha face, ela
Ao que grafando a mão e em rosto receio
Calígrafo frase em sobrolho anseio
Ao enlace expressa poema ao que corpo acautela
.
Sonetos soltos em voz a que delineio
Sob pena a pena perpétua desvela
E ao que a caneta em sarjeta parcela
Quiçá conceda ao que em já consentido ao seio
.
Pois agravado sob verso em versado inteiro
O que em cartas o poeta encarna derradeiro
Afeto ao certo se alma em demonstra fizera
.[entretanto, (e há tantos) subentendidos mal entendidos...]
Não entende se lera errado todo conceito
Uma vez em entrelinhas de moças não afeito
Não percebera o que a sua letra não quisera

domingo, 15 de novembro de 2009

Mazurca

“(...)Tão absorto estava em suas recordações, que tão bem coincidiam com sensações presentes, que não se deu conta de que, a certa altura, Angélica e ele dançavam sozinhos. (...),os outros pares haviam parado de dançar e olhavam; os dois Ponteleone ali estavam: pareciam enternecidos, eram velhos e talvez compreendessem."    Lampedusa

T’acordes em acorde ao solo accordeon,
Pois canto para ti as antigas mazurcas
Melancólica a saudade que me busca
Nos giros e semivolteios desse tom

Minha sorte comporte ao que dancei a esse som
Pois meu vestido à polonesa se conspurca
Em poeira esquecida e a beleza que s’ofusca
À outras músicas sem os tempos idos bons

tralalala, firulas, etc e tal.

sábado, 14 de novembro de 2009

jaz importância

.
Aberto seja o peito em ausente
E
empalideça ao rubor que face suporta
Esqueçam palavra que outrora reticente
Se ele está morto, o que importa?

Para que em corola violeta consente?
A que diferença se luz ou negror o exorta?
D’Aurora que mesmo seja o poente
Se ele está morto, o que importa?

Que o que deseja seja indolente
E que felizardos vão todos embora
Se não desolados em mudez que ele comporta

dor em futuro não pretendo contente
Em eternidade ou mesmo por ora
Pois se ele está morto, o que importa?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

carta a Marcelle

Marcelle observei contigo moço as estrelas
mas sobranceiro ao tempo dos anos
Apercebi-me os céus em poeira
e assim escrevi para te perguntar se
continua a ver os cintilados a esgueira
nos entreatos dos afazeres cotidianos
E se ainda obténs em brilhante a lua minguante faceira

um saudoso abraço Marcelle,
Hamilton

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ma(i)s que brega
escrever tanta merda

Laço vermelho

ou Coração
.
O laço vermelho a que pulso locomovo
Em tambores esmos soaram consoante
O que preso m’entoa embate por novo
Em batidas já mesmas que tocavam d’antes

Laço vermelho que afora demovo
Afronta contra-desejos a seguir diante
Com ensejo perene ao porvir que comovo
Em crença embora perdida em distante

O
laço vermelho da cor à alvura,
O laço dos mais firmes fora desfeito
Em cansado s’esvaído de toda ternura

O laço vermelho outrora perfeito
Enlaços atava-me rubra insegura
Ao que desatada fita sobeja ao peito

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Henologia piegas

O mundo todo
Todo em parte
Forma
o uno para múltiplo e
múltiplo cindido do pouco que sabe
do único que ainda em muito ao
Dividendo em indiviso s’ampare;
Mas só do indiviso amor que último
 Em Princípio antes que ao diverso dúbio
Será certo findo com início a um que lhe cabe

terça-feira, 10 de novembro de 2009

ele, mudo

Ou o que sobrou do meu poeta



Em despejo aos harpejos silentes
Mo entregam deposto de cantos
O que mudo esperava entre tantos
Que entretanto só ecoa em ausente

Das
palavras segredadas presentes
Nem aos gestos restaram encantos
Que pretérito desejei, no entanto,
Em bem dizer que ao agora reticente

O que para outros a mim não era
S’não astúcia as musas outras que não esta
Senão as moças ditas de douta esfera

Por que em silêncio dista e mo testa
E da garganta em obscuro reverbera
Se sou a única que para si se manifesta?

domingo, 8 de novembro de 2009

velharias

revisitando um lugar

nostálgico

(...)

E que se em terno sempiterno tempo passe
Aos mandos em sorrisos o parava
Para que mo pintasse, esboçasse ao que em face
O
que a vez outra e outra vez o evocava

E se espaço demarcara o que enlace
Aos laços soltos envoltos ao que lembrava
Em preenchido o mesmo sítio do impasse
Ao que diante vazio já a sós mo reencontrava

Sob o solo ante o meu significado
Insignificante ao que recordado
Senão o outrora ao agora mo fosse permitido

Sob o céu desvela o mesmo legado
E não pudesse em memória apagado
Que a um só de todo lugar o apreço sentido

_______________________________________

Verdugo e o seu dúbio instrumento


Por que discórdia dentre escória dos séculos?
Não é sangue o mesmo tinto que emana?
Não são escaras revistas a história qual perpétuo
Em cerrados olhos qu’ escusa abranda?


De que ato em aço dúbio exaspero
Para que s’estanque derramada esperança?
Que veias evito ao fogo do ferro
Para que s’advenha ingenuidade que o suplanta?


Quão obscuro da espada ao cutelo
Omitirei em projeto à ferina constância?
Até quando em executor mo chancelo
Para vos eximir ao véu d’intolerância ?



SEGUNDA-FEIRA, 2 DE NOVEMBRO DE 2009

velho

.

Senectus ipsa est morbus

Terêncio


E em amargo ao juvenil consentido
D’outra lembrança em vislumbre trouxe
O que decrépito a imagem anos perdidos
Ao que em face tempo pousou-se
.
O que mo afirma antes vivido
Em reposta ao que mo nega hoje;
.
O que se espera de corpo abatido
Se ao que aspiro suspiro tornou-se?
.
E assim em rubor amarelecido
De que vale porvir restante?
O que mo intenta presente parecido
Se a força em débil destoante?
.
O que em peito vivo compasso s’aferra
Se em pulso já vigor comedido;
Por que o que d’antes nascido da Terra
Não se encerra de vez ao sepulcro definido?

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DOMINGO, 1 DE NOVEMBRO DE 2009

Cafetão

'paga?'
'não.'
'então apanha.'
.
Cambaleante em vínculo as ruas
Ofereço-a ao tráfego em ultrajado cansaço
Mas agora eu a vez outra em sarjeta ao lado
A mesm’hora que s’adentra em viela ao quarto
.
O que me espera em meio ocaso
Senão o mesmo ouro ganho aos urros,
Render a ela direito ao que negado em julgo
Ceder
dinheiro previsto por infeliz concurso
.
Serei outra vez o carrasco de afago?
A que beijo o custa o desejo tão caro?
.
Sou a mão que a proteja se em paga há descaso
Sou a silenciada justiça do carmim em regaço

ÀS 18:30 1 COMENTÁRIOS

SÁBADO, 31 DE OUTUBRO DE 2009

Cárcere
.
ah...Se o céu não me fosse negado
Pelo forro d’abóbada em concreto
Do
estorvo finito ao infinito repleto
D’outro teto em abrigo seria o véu estrelado
.
D’antes horizonte agora findo em dois passos
Irrompido a parede ante ao refém acuado
Com sol natimorto a estrita penumbra ao espaço
Em ausência ao luzente em redoma eclipsado
.
E dentre contrastes tão somente a janela
A medir ao antevisto em memória trancado
Ao previsto em momento destino selado
Esmaecido ao distante silêncio da cela

ÀS 13:58 0 COMENTÁRIOS

SEXTA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2009

ela em sonho
.
E se sonho primeiro fosse
E ao noturno houvesse advento
Ao contorno que em contento
Adorna
suave o sono doce...
.
E a segunda noite já a expor-se
Esperou pálpebra o alento
Senão fechado co’o olhar atento
Ao que insinua silhueta a supor-se
.
Perguntando talvez a sorte
A que lua traz engenho obscuro
A que estrela me nega tal vulto
Esperando, quiçá eu não suporte
Ao que em leito visão apuro
Ao que insone almejo reduto
.
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palavras do homem blasé

bobobobobobobobobobobobobobobobobobobobobbobobobobobobobobbo... bobagem

ÀS 0:53 0 COMENTÁRIOS

carne
.
O corpo que me é senão ascendente
A gênese de uterina infância
Anterior e já a oriunda inconstância
Ao apelo d’anseio concupiscente
.
E agora ó venoso sangue veemente,
Rubor em pudenda moral a sutura
A curar e extraviar em sepultura
Desejo
a que pretende o inconseqüente
.
E a isso cores ao palor já descuida
E s’observa silêncio meu impotente
Estático ao que antes agia formosura
.
Peço a carne só exclamação mais fluida:
Desperta ao que espera em muito latente
Deixa jazer em hemorragia a candura!
.
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TERÇA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2009

Lembrança do corsário
.
Sobre tempestade de ossos e faróis
Desprende-me em sonho ao som a cotovia
Nos cânticos a esperar desvelo ao dia
Nas terras ocres em meio aos girassóis
.
Do desgosto nebuloso que me envia
Ao navio despojos do cais e do porto
Resta vivo ao céu sob lembrança outra via
O que nas águas me levam já morto
.
Logo imbuído de cólera mar revolto
Sobra-me centelha, sombra de Sevilha
Já revista sob península ou árida ilha
A m'enganar semelhante com solo envolto
.
ÀS 14:41 0 COMENTÁRIOS

DOMINGO, 18 DE OUTUBRO DE 2009

Novos deuses

ou tão somente a tecnologia, a ciência, a razão, ...
.
Não obstante o pretérito das runas
Silenciado destino ao século divino
Milênio a seguir porvir assassino
Com a laica cadência que o coaduna
.
D’antiga cabala, de outrora paganismo
Restam as moiras e as valquírias em bruma
Tomado
por estéril compasso que assuma
Em cálculo o risco, em ratio o cristianismo
.
Desfeita santidade bárbaro povo
Da fé aos laivos de sangue ecoa o corvo
Sobre aço a técnica, a nova cruz e o estorvo
Em crente símbolo prostrado de novo
.
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SÁBADO, 17 DE OUTUBRO DE 2009

Sombra
.
O que em face sombra tateante
D’aparência de outra forma,
Silhueta ao seu adorno qual norma
Projetada negra o lívido semblante
.
Ao movimento o justo instante
Do opaco espelho, a plataforma
A encenar gestos em reforma
A
revolução íntima a ser incessante
.
Assim títere linha que o torna
Fiel senão a matéria conseqüente
E já traidor ao anseio que o provoca
.
Sendo reflexa ao vigor que o contorna
E consentido a corpo d’outro subjacente
Representado duplamente erro que à alma invoca

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TERÇA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2009

Música
.
Ocultou-me a face, mas ao rosto o vestígio
De espanto a sincopada vertigem
Pois se não eram o encanto dos arroubos estranhos
Que a compuseram em sibilada ilusão ou tolice?
.
O que mo espantara a trafegar os cânticos
Quando imaterial mo libera a efígie;
O que espera dos ouvidos a não ser olhos prantos
Escutada voz a vaga procura em norte que a vise?
.
Desprende ao sono palavra e
A pálpebra vê azeviche
Mas eis que transcorre pictórica nota exaltada
Em demérito aos sonoros sonhos em convite
.
E acorreu-me seu dorso a dançar em figura
A
escolher corpóreo a entoar ao talhe curvado ao celo
A bendizer em carícias voz única de tenros descansos
A buscar-me ouvinte a encarnada
‘inda a m’impedir a face qual cego!
.
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SEGUNDA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2009

Pés e Pernas
.
“E cumpristes à risca o vosso propósito, amáveis pernas, o que me obriga a imortalizar-vos nesta página.”
Machado de Assis
.
Em silêncio compassado caminha
Batido ao chão próximo abatimento
Com os passos fraquejos que só intento
Ao seguimento além que já o definha
.
Inerte a indolente ordem minha
Braveja d’outro movimento em
Despeito aos andares que isento em
Respeito à fuga ao meio que vinha
.
A que em espreito não cônscio comando aos
Olhos distraídos ao céu o efeito
E aos pés solo ao real desviando aos
Pensamentos que andam desfeitos
.
Enquanto em mente reviso ao local defeito
Vejo rua em descida artelhos outros chegando
Em subindo alcova co’os pares perfeitos
Por entrelaço aos pares meus s’orientando

ÀS 17:47 0 COMENTÁRIOS

.
“A única salvação para os vencidos é não esperar salvação”
Virgílio
.
Sobre redenção, rendição em vivo
‘xpectativa em veneno a transtorno irascível
Ideais aos corpos em limbo engodo sofrível
D’esperança em ‘spera a si o corrosivo
.
Assim em indício derradeiro ao impossível
A realidade que ao esforço se esgota
A luta única em seqüência a derrota
Cadencia ‘inda em tola revolta imprescindível
.
Sobre a prece que dor insensato exorta
De momento estanque a seco murmúrio
Em ação frente irrelevante augúrio
Veemente à vida que d’antemão já se é morta
.
Mas ‘inda em motivo entendido qual espúrio
Não jaz em si movimento que o acossa
Em digladio por justiça que possa
Iludir em contínuo ao direito perjúrio
.
O urro a avidez d’instante findo engrossa
Aos ecos d’outros tantos vultos obscuros
A silenciar vítima d’ História
.
Ao sangue de obra em perdido destroça
Em perpétuo e ao agora já último futuro
A erigir à outra instância em vitória
.
ÀS 13:07 0 COMENTÁRIOS

QUARTA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO DE 2009

Irreconhecível
.
“Lembra de mim?”
“Não.”
.
O que em retorno ao rosto andarilho
Encontra d’outro rosto vislumbre difícil
A ver face evidente já perdido ao trilho
.
Quem é este a aparecer via artifício?
Pleitear-se viandante como pródigo filho
E os amores d’antes a posto vitalício?
.
Assim som outrora imperativo
E afeição prometida constante
Ecoa em verbo silêncio distante
Liberta lembrança cadeia o cativo
.
Ao que me foge o afeto motivo
Senão ausência sempre circundante
Ao Espírito que acenou incessante
Adeus que só o torna definitivo
.
ÀS 15:39 0 COMENTÁRIOS

TERÇA-FEIRA, 6 DE OUTUBRO DE 2009

Bêbado, impotente, decadente ... etc e tal
“Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer;
se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar,
e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa”
Bukowski
.
Despeito ao humor desta sarjeta
Sou vinculado ao símbolo alcoólico
De negra bílis colhida a vinheda
Sobre asco de velhas safras d’indolente espanto
Nos baratos bares e ruelas, ao copo como calibre ao meio
Meio-dia, meia idade, meio passo ao descanso
Em cova oferecida por mulher em frígida carne
A cobrar centavos deste bêbado em fraquejo
A
esmaecer sôfrega pele em seio, o desespero
D’ânsia a vida, de engulho a morte
Que busca ‘inda em decadência ao que ascende e não pode
Devido a peso de corpo na inerte impotência
E assim a beber de novo em honra a trôpega sorte em enfado
Para
ao dia seguinte retirar despojos do desatino reminiscente
Regurgitando noite da noite que agora m'adorna no asfalto
.
ÀS 15:44 1 COMENTÁRIOS

SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2009

Marina
.
Onda em face à força cresce ao rosto o rubor
De tormenta à Nereida que outrora bonança
Escuma palavra onde recusa mo lança
E m’ausculta já cõ' Oceano o auspício do amor
.
Assim sob virtude em náufrago destemor
Sem estrelas ao mar que mo espraiem esperança
Ou ainda exílio insular longe a maré a mudança
Dos verdes olhos que mo furta tez a cor
.
Horizonte é o cerrado lábio que então antevejo
E ao que antes dos anseios a fronte em suor, só há a areia
Das baías douradas que ao corpo restam desejos
.
Rejeitado ainda distante o afeto receia
Ao Infinito dos mares, a fuga em velejo
Daquela
em figura encarnada sereia
.
ÀS 3:31 0 COMENTÁRIOS

QUINTA-FEIRA, 1 DE OUTUBRO DE 2009
.
Balão amarelo ou Infância
Subiu-lhe o último balão amarelo
Olhou a moça tal sol qual sua estrela
E vislumbrou sul ao norte ao zodíaco
Prescrito por sua sorte aéreo cometa
Inflado dourado, colorida em incerteza
impelido pelo pretérito, infância que feneç
No balouçar da brisa ao tempo irresoluto
A espelhar superfície a criança, a flutuar futuro
A outro céu que pouco orientada esfera envereda
A encontrar novo espaço ao que louro globo já trespassa
Para crescer inconstância terna que exalta e urge
No estourar balão irrompendo moça a juventude
.
ÀS 19:17 0 COMENTÁRIOS

Quem vê olhos negros?
.
Avultam os olhos negros ao vulto diário
E em semicerrados esgueiram descontentes
Que azeviche a clareza declara veemente
Em suspenso ao lábio, em dissenso emissário
.
Descolam a negrume a cor inconseqüente
Que mal fecham pálpebras aos olhos contrários
Silêncio ao outro em negror resulta corolário
Ao afeto concupiscente, a espera inocente...
.
A espreita enfim da visão a mirar já vedado
Da porfia e da esperança ao luto consentido
A depender mudo rosto d’olhares incontidos
‘ntreabre sonho fracasso, fecha olhos cansado
.
ÀS 0:08 0 COMENTÁRIOS

SEGUNDA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO DE 2009

Só ao quarto
.
Circunscrito só a um quarto
Coube-me cativo por não-cativo aos terceiros
E dos delitos à pena ao silêncio o direito
Com discursos aquém a reação ou sobressalto
Em concreta muralha, emparedado diálogo
Que decresce tijolo por construto imaginário
De talvez outra esfera, quiçá simplesmente ao lado
Na negra rua; d’asfaltada pantera um afago
A fitar baços faróis, felinos olhos amarelos
Predatória a hesitar meio aos meus anseios internos
A exigir liberto horizonte de cubicular cadeia
Tão perto além da monolítica barreira
Tão longe em escombro arredado ainda qual presa
.
ÀS 22:33 1 COMENTÁRIOS

SÁBADO, 26 DE SETEMBRO DE 2009

Eu sou o outro
.
Somente ao desecanto d’estilhaço do ego
E antevisto em si só temerário
Refletiu ao caco irrefletido contrário
Favoreceu ante outro milagre cego
.
Desfez-se a terceiros em primeiro negado
Expôs (in)voluntário ato gratuito
Repôs a outrem o imposto agora dado
Escasseou singular ao plural em muito
Desprendeu
intento desatento cuidado
.
E ao fim ante toda miséria restituída
Nas decepções recepcionadas
Em veladas expulsões, as dissensões a mim traídas
Sobrepôs chaga a bendizer sacrificada
Por redenção à imagem naquele constituída
.
ÀS 0:44 0 COMENTÁRIOS

SEGUNDA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2009

Quarta-feira, 9 de Setembro de 2009


soneto LIII
Mar em sonho
.
"Quem me restituirá os mares de esquecimento, a água calma do mar alto, seus líquidos caminhos e seus sulcos logo recobertos? Ao mar! Ao mar, antes que as portas se fechem!"
Albert Camus
.
Imaturo de todo ante os mares tardios
Já planava ares de brisa em seu hálito leve
A aquiescer esquecimento a espera tão breve
Nas vestes salgadas longe ao porto bravio
.
A navegar em profundo verde vazio
Deserto para liberta cor que m’ enleve
A dourar transfiguração ao corpo que deve
Ser nativo espírito de solo sombrio
.
Vicejava face a débil suor vaporoso
Sorriu-me madrepérola apagar desgosto
Escumou-me os pés a gracejar os anseios
.
Soprou-me a oferta a um Índico azul caloroso
E indicou coral carmim em sinal ao rosto
Para beijar fronte do meu oceano em enleio
.
às 4:17 0 comentários

Domingo, 6 de Setembro de 2009
poema XI

fragmento eclesiástico

(...)

Ah...Vislumbro humanos olhares
Que m’interditam a prece
e divina obra enfraquece à
‘scombro, pecados seculares
Retorcido a amorfos pilares
A hesitar mesmo qual escora
Que m’arruínam a fé d’outrora e
Fundam a mim novo sudário
Que em a rosto meu proprietário
De edificação a um reino agora

(...)


às 21:35 0 comentários


soneto LII- regionalista III


(i)legítimo filho d'agreste

Foram-me renegados os campos do agreste
Eu, antes laborioso filho da flor de palma
Que pontiagudo dorso rústico ao meu espalma
Reage ao ser ausente Borborema celeste
.
Por que já em sonho a procuro fugidia peste?
Quiçá descaso ao corpo pelo que condói a alma
A apagar lembrança revolta envolto a calma
De turvada visão ante nuvem ao nordeste
.
Sou estirpe direta; a feição já me revela
Em tez idêntica de colorida terra
Em expressão igualada ao solo intransigente
.
Mas talvez bastardia seja melhor tutela
Se de legitimidade que arado encerra
Retém luto chão qual último descendente
às 8:26 1 comentários
.
Terça-feira, 1 de Setembro de 2009
soneto LI
rancor d'outrem
.
Era apenas isto que retorno almejavas?
Ah! Tu que pões em riste acerada falange
E em denúncias dilaceras ao que lembravas
A esmerilar seta a terror que mo constrange
.
A que rancores saliva rubra mo entornas
E clamas a repetir embebida ao sangue
O fio da navalha que do verbo t’adornas
Não cessa ante alquebrado do corpo já exangue
.
Como o carvalho que antes tanto mo amparara
S’altera à estaca e crucifixo que tortura
Só a ti a regozijar grito por reverência...
.
Que latente insanidade d’alma o embriagara?
Quão licor hemorrágico de mim procuras?
Quando fala finda as ferinas condolências?
às 2:31 1 comentários
Segunda-feira, 31 de Agosto de 2009

soneto L

Escada
“Lady come down”

Desça senhora, a espero no fim dessa escada...
Pois não há via em declínio que instante não perpassa
Ao vazio degrau de estorvo à afeição associada
Que acima flutuante em vislumbre mo trespassa
.
Desça moça, já mo dista admiração a altura
Abstrai proximidade ao que verbo declara,
Fraqueja vã perante concreta estrutura,
Declina-se ao que de cimo evasivo a ampara.
.
Desça garota, abrevia passos aquiescendo
Aos batimentos lassos que abaixo s’ausculta;
Decai! Decresce espaço ao torpe apoio pudendo
.
Atende ao solo que não obstante já se avulta
Concebe que andar distinto desapareça
Não hesita ao que falta tão pouco... peço, desça!
às 18:13 0 comentários
.
Sexta-feira, 28 de Agosto de 2009
Soneto XLIX
Lápide

" Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message: He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
"
Funeral Blues ( W.H. Auden)
.

Engastado ao mármore brevidade
A se refletir cor d’antiga aurora
Remetido ao tênue tempo d’outrora
A jazer imediato em dor natividade
.
O que é inscrito em pétrea brutalidade?
Fixa duração ao qual lembrança ignora
Consome a face que mente memora
Por solo indiferente a tenra idade
.
Se antes era o corpo ao meu estreito
O que é agora senão fria sepultura,
Repugnância ao sentido insatisfeito
.
E quão abatimento em seio mo perdura
Se o afeto a imagem que sôfrega ao leito
Só encontra equivalência em rocha impura
às 4:41 0 comentários
.

Quinta-feira, 27 de Agosto de 2009


soneto XLVIII
Paranóia

.
Para que em torpe digladio se lança?
Por que desespero e estupor em meio
Ao
rendido véu da grata bonança?
.
Do que desconfia, resguarda em receio
E
à vigília em delírio não descansa
Por conjectura ambígua ao tolo anseio?
.
Qual reflexão à irrefletida inocência
Que em vazio ao pleno cálculo pretende
Hipótese à assertiva dúbia apreende
A coincidir incoerente incidência
.
Que torna ameaça e intérmina insistência
Senão fixo construto aéreo que ascende
Que hábil aflição infecunda descende
Prole estéril da adúltera demência
.
às 15:23 0 comentários
Quarta-feira, 26 de Agosto de 2009
Soneto XLVII
Definição
.
Qual como os anos reivindicando o século finito
Em querer de fugaz informe consolidar emblema
Finge ser única palavra o heterônimo problema
Como a outra voz que se atribui som inaudito
.
E tão somente a bendizer objetivo maldito
Prescreve afirmativa a apagar dilema
A negar pluralidade por singular sistema
Desobedecer ao aleatório por normativo circunscrito
.
Estes consideram o abastado senão deturpado dano
E oblitera de significação o que não lhe é permitido
A rechaçar irregular vislumbre em constrito plano
.
A remeter entre tantos cantos ao mudamente coibido
Soluça outro viés senão como ledo engano
Coerção em estirpar não obstante o que é indefinido
.
às 13:31 1 comentários
soneto XLVI
Exilado esperançoso

.
O que me advém neste solo fortuito
Senão extemporânea flor, novo reduto
Milagre de outrora, rizoma perdido a muito
Paisagem indeterminada que me promete indulto
.
Detenho entre horizontes este vertiginoso intuito
Degredado a esquecer os delitos, a apagar insulto
A saldar dívida; tornar o gesto novamente gratuito
A um futuro que abona abandonado pretérito sepulto
.
Pois dentre estas terras qualquer pena é paga
Ainda que em lei estranha, não mais que inexata
Que no suor renova esperança; absolve-me da desgraça
.
Retenho neste céu selvagem apenas lembrança vaga
Da agonia que chão virginal esquece, retrata
E recolhe meu exílio sofrido qual idílio em minha graça
.


às 1:37 1 comentários



Terça-feira, 25 de Agosto de 2009
.
soneto XLV ou porcaria VII
Noite sem a palavra
Tão somente em versos esperei
O que procrastinava em noite e dia
O que insone palavra do silêncio descendia
Em expressão inexprimível que desesperei
.
Pois mesmo em signo insignificante falhei
A criar formato da dor ou quem sabe alegria
Da língua, que quiçá denotava o amor que diria
A estranha verdade em mentira que não mais escreverei
.
Pois o que atuava em verbo agora se recusa
E as letras mo são desordenadas em ordem estéril
Que se alinham inexato e não extrapolam mais ao que quero
.
Situado apenas em limítrofe frase comum, uma escusa
Do que mo renega em verdade o clarão da palavra em mistério;
Frêmito em além querer o que é aquém do escrito sincero
.
às 15:50 1 comentários
Quarta-feira, 19 de Agosto de 2009
poema X
Lira outonal
.
O que me ascendia na lira dos vinte anos
Desfolha-se na cor verde em cinzas do cotidiano
Altera estação ao outono que despetala
E em flor que desagrada por já transpor fruto maduro...
Mas diz harpa que por perder cor não torna impuro
O amarelo sazonal que na folhagem anseio primaveril s’instala
.
E afora, ó esperança que esta lira velha não disfarça
A procura de tom que na poesia jorrante agora esparsa
Remete o que antes era tão somente considerado afeto leviano
E hesita ardor senão a ternura qual sorriso e por vezes o pranto
Expressando em fulgor deste decrépito mudo um último canto
A obter como amor outra folha verde no derradeiro dos anos
.
Estranha semente que em período estéril retorna ao peito
Como um esforço de seiva final, um suspiro rarefeito
Que mesmo sendo hino perecível e a um maio colorido aluda
Tolo apaixonado que por flor tardia ainda procura,
Observa e tenta esquecer o crepúsculo que já lhe obscura
Mantém-se ante o declínio vivo em única folha, qual frondosa muda.
às 1:45 2 comentários
.
Quarta-feira, 5 de Agosto de 2009


Soneto XLIV
Encaracolados
.
Olho dentre madeixas um contorno de bruma
Que assegura em anelos ao meu peito o receio
E que já envolto em espirais aspiro e tonteio
Já seduzido há muito por ondulada espuma
.
Vejo-me entre fios quais barras - um cativo em suma
Embaraçado
em cabelos e a declarar os anseios
Ao que mo é frisado ao vento por todos os meios
Tal qual nuvem passante que cresce e se avoluma...
.
E a vagar em caminhos sinuosos, perdidos
Extraviado nas melenas de tortuosa via
Encontra errante afeto a único rumo retido
.
Ah!Quanto aos frágeis arqueios e curvas carecia
Pois há tanto mo prende o movimento querido
Que só a encaracolada afeição arrefeceria
às 7:29 0 comentários

Sábado, 1 de Agosto de 2009
soneto XLIII
Além-vida
.
Aos que crêem pelo mortos
.
E o mundo já parecia menos feliz
Pois de unidade em duas esferas me foi repartido
Para que seja ainda o que me era querido
Vívido em realidade além que não me condiz
.
Que seja só fé ou imaginário infeliz
Mas acalenta ao menos o semblante abatido
A transformar esperança d’antigo futuro perdido
Em retorno por meio das orações febris
.
Se em breve vida anseio encontra afeto
Por que haveria de me negar o Eterno?
Por que permaneceria na transcendência incompleto?
.
Afirmo pela precisão do outro o Sempiterno
Rogo ao celeste tão somente para me encontrar repleto
Do que em ausência torna imanência inferno
às 5:40 2 comentários
.
Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
poema IX livre
.
E quando criança era o futuro
E quando criança perguntava acerca de futuro
Ao mais lívido e sulcado dos velhos
Que exaurido e já saboreado quase todo fruto
Amadurecido suspiro cansado em moribundo dizia:
‘Perdeste tempo áureo: o meu pretérito, a minha vida querida’
E quando criança questionava o vindouro
Ao mais vívido e arrebatado ser em juventude
Que
em sabor prova mundo pelo insistente instante
Impetuosa respiração de enérgica força aclamava:
‘Vieste em tempo rarefeito: não há teu porvir, é agora tempo futuro’
E quando criança indagava o vir a ser para homem adulto,
Este mediano da promissora vida, este cessar do aspecto esperançoso
Que já o doce evidencia o amargor, qu’enferruja o que antes era ouro
Expirava ao responder o que questão do infante inspira:
‘Futuro? Chegarás a ele, é teu de direito, pois o perco a muito em presente fortuito’
Mas quando criança interrogava a minha própria infância
Acerca do que viria, a ponderar ao que esperava em herança
Tão
simplesmente as opiniões de todo m’esquecia
Tão somente me deixava enredar pelo ludismo de garoto
Pelos joguetes ingênuos e absortos que eu me entretinha
às 5:59 3 comentários

Domingo, 26 de Julho de 2009
poema VIII

.
Foi a terrena graça! Foi a cura
Que m’extirpou a loucura
Em impulso a renovada vida
Em abandono a melancolia escusa
Que a fria reflexão obtusa
Refreava força agora incontida
.
Foi incompreensão dos tenros anos
Que tomara morte qual valor insano
Em posição ao que em peito feria
Sem percepção que torpe ar rarefeito
Em estéril me retirou asfixiado o proveito
Da cálida aspiração que o suspiro esfria
.
Pois é agora findo respirações entrecortada
As faces lívidas retornam as cores abrasadas
E os meus pulmões crescem qual os anseios
Que em fôlego ao mais verdadeiro desejo
Impele-me do profundo ao mais tolo gracejo
Buscar alegria e gozo ao qu’em vontade me permeio
às 3:19 1 comentários



Sexta-feira, 24 de Julho de 2009

soneto XLII florido


Flor de mato
.
Agradecimento a J.A.
.
Qual coagido entre chão mais árduo e laborioso
É arraigado ao solo, seu profundo fomento
E expande em verde ante confinado tormento
A revelar nívea corola, tão harmonioso.
.
Exposto de todo em relento doloroso
Entre floresta e daninhas tem crescimento
Mas em recompensa há esperança ao sofrimento
Ao se alterar e nascer flor de mato ocioso
.
Pois ainda que originado de escuso lodo
Há tal transfiguração aflorada em alvura
E
beleza escondida onde não se presuma
.
Do seu pequeno talhe m’atenho de todo
Ao observar simplicidade e calma candura
Ao aspirar flora singular que me perfuma
às 1:08 1 comentários
.
Quinta-feira, 23 de Julho de 2009
soneto XLI ou porcaria VI
Autonomia
.
Disse Jesus: Felizes sois vós, os solitários e os eleitos, porque achareis o Reino. Sendo que vós saístes dele, a ele voltareis.
. Evangelho de Tomé
.
Exílios voluntários exaltam, carcomem
Pois acendeste em ti independente motivo
Ainda que em dor pungente, amargo coercitivo
Qual autonomia apócrifa do filho do homem
.
Não te traias! Somente decisões que te tomem
Contém certa alegria de liberto-cativo
E que afirmam em seio ao próprio reino em cultivo
Negligenciando
quaisquer ofertas que o domem
.
Em corpo és suficiente como próprio templo
E tuas orações se elevam ao próprio solo
Pois és em ti embate a prescrito desumano
Se deténs a própria palavra como exemplo
Não existirá desvio ou estrangeiro protocolo
Porque não sais nem retornas do âmbito humano
.
às 5:32 0 comentários
Segunda-feira, 20 de Julho de 2009
soneto XL
Conceito

Devo me dedicar ao refletido mundano
Qual revoltado peregrino
Desde meu vicejar dos anos
Ao chegar do decrépito luto hino
.
Flutuante ao fundamento humano
Perco-me em prescrever destino
Em hesitar a legitimar o sacro engano
Em heresia optar o que imagino
.
Anseio vislumbre que desespera
A esclarecer prescrições de globo obtuso
A constituir o que em nexo oblitera
.
Mas só antevejo idéia qual espírito difuso
Que em mente o conceber alma apodera
Que em desejo insano pensamento torna confuso
.


às 6:16 0 comentários
Domingo, 12 de Julho de 2009
soneto XXXIX

Encarnação
“Ela é apenas a sua prole...”
.
Traz em seu adorno o sangue
Que entre facetas vislumbra
Qual lembrança de penumbra
Em presente a um pretérito enxangue
.
Observo qualquer gesto que mo arranque
O que desperto sono obumbra
E cálida esperança deslumbra
O que tempo a muito fez estanque
.
Natureza opta plágio frescor
E ao ser vívido o já vivido
Com restaurada face em cor
.
P’ra que ironia de anos já idos?
Reter ao progênito em herança a dor
Ao obter com semelhança amor esvaído
.
Sábado, 11 de Julho de 2009
Soneto XXXVIII


Floresta negra ou mulata
.
Sua terra abrasada a muito mo reacende
O que em outro plantio não m’ofereciam
Que escassas colheitas frigidez traziam
Em lugar do solo fértil que m’atende
.
Madeixa de videira ao vinho recende
A envolver desejos que dispersariam
Faz preterir outros pomos que apraziam
Em prol de tinto fruto que anseio pretende
.
Pois em lábio, qual tenra ameixa, o mel perdura
E só pétala violácea à boca aplaca
Qual sombra de oásis do entre beijos que acalma
.
Dentre sensualismos, contido a candura
Em olhos que noite corporal destaca
Frondosa floresta que adentra minha alma
.
Quinta-feira, 9 de Julho de 2009
Poema VII livre
Eu e o outro

Quando o outro me aferra qual ente abstrato
E impede-me em jubilar meu todo indiviso
E me é agora extensão e preocupação ao irrestrito
Por ser nós e não eu o pensamento concatenado
.
Coagido em realizar desejo só por meio terceiro
Sou sôfrego em transformar ordem a simples pedido
Faço impotente o mais extremado tirano
Transmuto em pluma o martelo d’aço mais rijo
.
Não há de se aferir gratuidade ao que me toma
Nem há doar que não me seja forçoso
Pois de espontâneo há tão somente futuro retorno
.
Não sei o que possa em verdade ser compartilhado
Qual engano ao gesto que m’atribuem franco solidarismo
Pois estes são só despojos, regurgitado espasmo
De um devorar em amálgama ao meu desatino
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Terça-feira, 7 de Julho de 2009
soneto XXXVII

E no começo era o sentir

.
No suceder de tornar-me homem
Faço gênese e elaboração ao meio
Com pensamento e consequente anseio
Ao remeter dos desejos que se assomem
.
Externo em face aos afetos que me tomem
E confundo sorriso e lágrimas, tal é o enleio
Que a indistinta dor investida em seio
Poderia
ser em tempo o que alegrias consomem
.
Encontro-me em atos de ordem confusa
Que contradizem ao verbo e resultante ação
Expirando o que se tornara lógica apreensiva
.
E frente a esta força que m’aparece difusa
Como indecisa entre estóica e libertina coação
Sou onduzido em rédea volúvel e incompreensiva

p.s: ainda bem !
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Domingo, 5 de Julho de 2009
Resumo
Para além da causas e motivos
Em uma pequena obra intitulada ‘Bartleby, o escriturário’ de Herman Melville é demonstrada nossa dificuldade em lidar com o inexplicável. Bartleby é um recém contratado do conselheiro do Tribunal de Chancelaria de Nova York( narrador da história) que fica bastante satisfeito com o trabalho do seu novo empregado. Porém após instaurada essa justa boa impressão Bartleby simplesmente tem uma atitude inusitada: nega-se a cumprir um ordem direta de seu chefe simplesmente inferindo que não deseja fazer. A despeito dos questionamentos e pedidos de justificações por parte de seu empregador Bartleby insiste com estranha frase “Prefiro não fazer”. Tal atitude se repercute em outras ocasiões até culminar em sua demissão. Mas ainda ao ser pedido pelo patrão para se retirar este rebate: “ Prefiro não ir”. Intrigado por tal postura e por uma aparente empatia pelo escriturário, o chefe não chama a polícia e prefere mudar a chancelaria para outro prédio, deixando Bartleby estático na antiga locação. Ainda com esta atitude seu ex-empregado volta a lhe perturbar agora por meio de terceiros: o proprietário e os inquilinos do velho imóvel reclamam responsabilidade do conselheiro de chancelaria por Bartleby que ainda está no outro edifício. Apesar de retornar para retirar Bartleby do local, com proposta de emprego e outras sugestões, o jovem continua a dizer que prefere ficar lá, terminando assim por ser preso por vadiagem. Já na prisão seu chefe o visita e o assiste na medida do possível, subornando o cozinheiro para alimentá-lo de maneira mais satisfatória. Porém este prefere não se alimentar e acaba por morrer.
A figura de Bartleby nos remete a ações sem motivo, que vão além das sistematizações e explicações causais que costumeiramente desejamos engendrar a todo e qualquer ato. Esta sanha alucinada por justificação está personificada pela figura do patrão, o conselheiro de chancelaria, que consegue sempre encontrar em seus outros subordinados o que faz estes trabalharem bem ou deixarem de trabalhar. Mas seu novo escriturário é um paradoxo: este simplesmente “prefere não fazer” sem razão alguma. O conselheiro apresenta uma dupla atitude acerca de Bartlebly: aproximação e distanciamento. Aproximação pela necessidade de observá-lo melhor para tentar enquadrá-lo em causas inteligíveis que mostrariam o porquê do seu modo de agir e, concomitante a isto o distanciamento, devido irritação provocada por sempre se encontrar frustrado em não conseguir concretizar tal intento. Mas este distanciar-se do chefe não é enérgico, uma vez que ele prefere mudar a chancelaria a prejudicar o paradoxo que o encanta e incomoda. O conselheiro poderia chamar os policiais para expulsa-lo do recinto, fazendo com que definitivamente desaparecesse o escriturário de sua vida, mas ainda assim algo o impele a não fazer.Mesmo após a morte do escriturário o patrão não esquece o enigma indecifrável, sendo o texto narrado por este personagem que escreve como reminiscência a um tempo que ainda perdura interrogação.O texto e os personagem explicitam o que ao homem é estupidamente fadado : o abandonar e reincidir perpétuo na tentativa de compreender e justificar o que está no âmbito simplesmente do incompreensível.


Sábado, 4 de Julho de 2009
Soneto XXXVI bobíssimo
Jovem noivo

Quero em seios matrimoniais a bonança
E só em ti a constância ao afeto eternizado
Criar infância em prole, o enlevo frutificado
Transformar estes versos em nova aliança
.
Farei o par princípio e mais cara esperança
E ao singular tão só momento espaçado
Serei bodas mesmo ao crepúsculo enfado
E sempre alvorada a originar lembrança
.
Não me deterei senão ao desejo insondável
Em reincidir o já sorrir entre tantos
De tais sorrisos que em laços mo são atraídos
.
E não será senão afeição inquebrantáve
Qual reflexo da vívida ágape e encanto
De compromisso em mim amor desprendido
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Soneeto XXXV
Arrependido?
.
Todas as lâminas que m’acolhem o peito
Concretizam-se em aço ao pulso
A escoar o viço dos anos insatisfeitos
A ceder em oposto ao nascido impulso
.
Ao jorrar a fonte a qual rejeito
Brota o Nilo vermelho em curso
A
expandir filete outrora estreito
A demonstrar a enchente em decurso
.

Quanta tolice ao que se desespera
A se deixar cogitar por outra sorte
Alma que em conforto futuro espera
.
Não há sacramento ou pedido forte
Nem retorno ao ato que se impera
A quem escolheu dentre vidas a morte
.
Quinta-feira, 2 de Julho de 2009
Soneto XXXIV


Violentia...

.
E quando sem turvas qual límpido colírio
Com arcaico instinto não mais em véu são e obscuro
E expurgado o raciocínio honrado e maduro
Tem o fim de tão burlesco e humano martírio
.
Quando libertado o animal do longo exílio
Em sequioso por sanar o intento mais puro
Comete este em violento inato ato seguro
Frustrando-se civilização, ideal ou idílio
.
Que aja a fera em desdém a razoabilidade!
Não por estúpida e rebelde negação
Mas por simples e verdadeira ingenuidade
.
Pois se não é forçosa secundária coação
E pela afável diluída amabilidade
Que me renego ao primor da ancestral ação?

Quarta-feira, 1 de Julho de 2009
Soneto XXXIII
Mariposa e lamparina
.
Em meu veludo traje alado
Observo o vestido fogoso,
Corpete carbono obsequioso
Em adorno ao corpo dourado
.
Tento corte ao rosto corado
Insisto na dança forçoso
Mas nega, ignora em caloroso
Com
vítreos olhos resguardados
.
Mas serão os meus cabelos grisalhos
Que em asco ruiva bailarina
`scamoteia meu intento em frangalhos?
.
Que é esta noturna boêmia sina
Que larga flor de belo talho
A procura de luz divina?
.

Poema VI- livre
Canção dos prazeres

.
Vamos aos prazeres
Que esgotam a mim o leite e mel
O éden alargado
A um paraíso além do sacro,
Mais que divino,
Mundano bem próximo
A dizer mesmo o profano
.
Adentremos em Flores psicológica
Em sujeitos na sua satisfação
No perfume por todos sentidos
Que há um aroma de todo destoante
Recendendo ao renascido hedonismo
.
Que o outro e comunidade
Se aflorem como alma humana
Apenas para saciar uma ânsia frívola
Da mais profunda das minhas entranhas
.
Sejam comportado em instante e segundo
O imaginado numa cápsula d’ouro, o globo
E que sintetize o meu futuro e pretérito
Em gozo nem mesmo a mim pensados
.
Quando ao fim da jornada, sem legado algum
Visto como um displicente por geração seguinte
A m’olhar com ódio, ressentimento a minha ação
Digo-lhes: Danem-se! Vivi o que meu corpo dizia
Por que ele haveria de estar errado?
.

Terça-feira, 30 de Junho de 2009


Soneto XXXIII
Ao que determina

.
Lamento que entre hebraico-gentio genealogia
De pretéritos cadáveres já em si firmados
Não poder por eles ser definido, consagrado
Sendo Ego só manifesto povo que em mim agia
.
Lamento que fundamento Islão, judaica apatia
Cristã permissividade em religião ao seio incitado
Ser-me vetado crente a fé e ao amor congregado
Para que cessasse enfim dor de plena autonomia
.
Mas esqueço que a este fardo exposto sem recato
Em que nego o julgo leve e carga suave
Prescrevo meu emblema que ao outro é temeridade
Constituo-me em força ao puro e próprio ato
Hesito mas m’estabeleço como sujeito do entrave
Sendo firme à minha palavra, singular identidade
.

Soneto XXXII ou Porcaria V
Blasé tabagístico

.
Em cotidiano, acendo cigarro
Vejo-me indiferente a escoriação
Ao motus, motivo, impulso ou pulsão
.
Aleijo ou glorificado, beijo ou escarro
Meu manifesto, não mais que pigarro
Em reflexo ao hábito sem ação
Em justificada incompreensão
.
Ao que em passividade esbarro
Ah...O estupor é quase ascético
Acomodado em tempo e espaço
A ignorar baforada entre o crente ou cético
.
Não me intrigo do todo ou pedaço
Fragmentado, obscuro ou hermético
Só anseio solução ao meu fumo escasso
.

Segunda-feira, 29 de Junho de 2009

Soneto XXXI


Ainda em vida.


Qual!Não pode a vida cessar agora
Há os sentidos veementes que acalento
Dedicado ao aflorar do meu talento
Que não devo jazer à imatura hora.


Em meu desejo a existência se adora:
Há os amores que em sonho ainda intento
O flerte e o enamorar ao casamento
Tal que não posso tão cedo ir embora.


Quero festejar vida que se esmera
E desfrutar a alegria que não tenho
Expressar pleno momento à vontade.

Mas minha esperança não mais espera
Entrego paixões e a nada retenho
Realizado em furor vitalidade


Soneto XXX


Estupro



Nenhum sinal de alusão
De boca atada ao lenço em trouxa
Relutante
à covardia frouxa
Da alcova em prisão


Mais
nenhuma submissão
A manchada pele roxa
De enlameada úmida coxa
Que suprimira minha decisão


É esquecido o prazer e o dom
Que afloraria em mim a moça
Que seria suave,tranqüilo e bom...


Por mais que imaginação distorça
Ouço apenas grito, grunhido e som
Que me foi tomado em violência e força


Sábado, 27 de Junho de 2009
Soneto XXIX



Ideais
.

Pois vou procurando, esgueirando brecha escura
Aferrando-me à surpresa em lívido assombro
A deparar o real cadavérico escombro
Que observo em soluços a falácia tão pura
.
Vou minguando, aplainando o globo à estatura
Admirando o assistemático grave estrondo
A martelar o antiquado que em sonho sondo
Arruinando, destroçando a armadura
.
Ah! Confetes de cinza glorificam pó
Luz e pus em sangue, exterminada terra crua
Não há sã ebriedade apenas sóbrio moribundo
.
Da humanidade de tantos a um homem só
Futuro p'ra o todo que ao singular destrua
Ao mérito dos logrados ideais imundos
Sexta-feira, 26 de Junho de 2009

soneto XXVIII ou escritos púberes VIII


Cavalgar
.
Ao selar o cavalgar atento
Que em verdes prados passeia,perdura
Qual trote em confortável candura
Cede ao cavaleiro, monta adentro

Percorre-se o vale, potro alento
Com força em espora o flanco atura
A firmeza que corre e procura
Galope ao aprazível sofrimento


Frágil baia que guarda e se extenua
Do já percorrido par em monte
Suor
em fronte ao exercício pudendo


Ah!Corcel negro que se habitua
A encontrar ventre em leito rio a fonte
Só em livres pastagens aquiescendo


Terça-feira, 23 de Junho de 2009


Soneto XXVII bobinho


Para a viuvinha



Porque então flor amorosa m’aprazia
E tão calmamente ar franco m’emprestava
Se doce felicidade não queria
Se em jovem botão já viera a ser murchada?


Ah! Por que então adorno cravo não seria
Se só prostrada em túmulo jaz e é escrava
Mas para mim é jardim em alegria
E
a primeira das primaveras brotada
Jogo camélias qual frisson de platéia
Entrego sortido buquê à loura flor
Mas só vê no luto a cor desabrochada

Por que ao alvorecer do girassol é arredia?
Tem só coroa de finada flor em dor
eu... Trago-lhe velha estação renovada
.
Segunda-feira, 22 de Junho de 2009
Soneto XXVI
Sonho


Onírico é só o que mo resta
Bruma que glorifica, exalta
O que fato corrompe e assalta
Em virtualidade que infesta
.
Qual!Devo findar esta aresta?
Será somente ilusão incauta?
Muleta para minha falta?
Esquizofrenia que se empresta?
.
Por que me negar ao prazer
Se tão só Morfeu acaricia
Esta sonâmbula viva alma
.
Deveria o sonho desfazer
Por real que só mo extorquiria
Por insônia que não m’acalma?


Domingo, 21 de Junho de 2009
Soneto XXV
.
Recusa
.
Mas eis que fujo do outro que me espreita
Que ao eterno rogo mo ofereceria
Que em seu fraco corpo m’acolheria
Em frenesi: ‘Vem, não foge,aproveita!’
.
Porém não posso aceitar tal colheita
Não há o fruto que m’apeteceria
Que saciedade e nutrição seria
Quando o sabor amargo à boca estreita?
.
Esquece! Adianta afeição sempre extinta?
Lembre que é gentileza o que lhe esboço
Apenas receio, o afeto que pressinta
.
Só é favor; ternura o afago que roço
E não há ilusão para que se ressinta...
Falo sem temor: Não Quero!Não posso!
.
Sábado, 20 de Junho de 2009
soneto XXIV
.
Ciúme
.
O que insinua no sorriso
Belo que admiro em desgosto
Na
qual observa outro rosto
Tal como um estranho aviso
.
Seu movimento é que friso
Para alguém qualquer que é imposto
Ao dúbio interesse exposto
Que atenção em mente reviso
.
Não, não há terceiro envolvido
Penso... Ou será que haverá?
Terei algo não percebido?
.
Qual pensamento terá
Que na palavra é omitido
Que em seio ela me esconderá?
.
-Poema V-
.
(...)
.
Rememorando em tolo sono almas perdidas
Por sombreados motivos, pó de outra pulsão
A este todo ecoa uníssono em grave reação
Vai!Põe-te em via!Esqueça-nos! Refaz a tua Vida!
.
Nego-me a confirmar tão incômoda nulidade
Em desfazer insípidos feitos de ação
Retratar-me ao que é nostálgica retração
Mas gritam a mim: Largas a glória perdida!
.
O que te faz decrépito em tão tenra idade
Que em lembrança esquece presente estação
Cultivas terra que não tem fertilidade
Constituindo o estéril em ciente maldição
.
Por que esmaeces esta força e virilidade
Em insuficiência a defloração ocorrida?
Por que gastas gênio ou toda sagacidade
Em obra que já a muito foi reproduzida?
.
Pedimos por nós: Esquece, oblitera, apaga!
O que admiras dentre as paisagens é deserto
Reúne-te na solidão de memória vaga
.
Aceita o mundo tal como lampejo incerto
Expurga neste noturno o que em peito afaga
Acorda e retorna vivo ao que está tão perto

!

Sexta-feira, 19 de Junho de 2009
Soneto XXIII
.
Corporal
.
Quando se permanece corpo vívido
Ao mais assíduo dos fortes langores
E entrona esquecida carne aos primores
Torna-se tudo que mo resta insípido
.
Não se esmera em gentileza, pois é ríspido
Retém suor, expressão em crespos odores
Fel ou mel não se distingue os sabores
Ao desejo franco a que se move ávido
.
Não faz pergunta, só se obtém resposta
Não tem verdade, há tão somente aposta
De que haja em outro humano a saciedade
.
Ah! Só me há nesta imposta natureza
Meu todo desnudo em sentida crueza
Clamar em sã bonança a tempestade
.
Soneto XXII
Azul
.
Em meu peito plácida flor azul nascia
Só pelos olhos em frágil índigo esvaído
Que roubara calmo cerúleo a mim retido
Ao escoar rubor em venosa melancolia
.
Que é este cobalto verbo que em hálito esfria?
Ou na pálida pele em ciano contorcido
Tom ultramarino ao lamento reduzido
Que em lápis-lazúli rocha coração estria
.
Encantara-se dentre as pedras a safira
De translúcida serenidade ao cativo
Cálida jóia que nunca outrora teria em mira
.
Desânimo do celeste afeto inativo
A qual sempre a indistinta luz primária admira
Que ainda pretere toda cor ao seu cultivo
.
Quinta-feira, 18 de Junho de 2009
soneto XXI

Suicídio


A consciência me afere em razoabilidade
Que
a lógica dedução desvanece bruma
Que ascética razão em função de morte assum
Coagindo a vida que m’atenho em vã piedade


Absurdo e absorto em suposta puerilidade
Pois a conclusão ainda que a muito se resum
Em resistência a fardo leve qual uma pluma
Nublo-a na mais luzente e tênue realidade

Mas não farei o ato de si por ratio obediência
Para aludir de justificação que me alça
Ou mesmo terminar dúvida na cadência


Todas estas são para a verdade mais falsa!
Que seja só ascensão ao desejo em violência
Culpada
bala ao crânio que a paixão m’exalça.
Quarta-feira, 17 de Junho de 2009
Soneto XX ou escritos púberes VII - comédia dos costumes


Redecorando o lar
.
Quando se muda cor do extenuado ornamento
Apetecendo-se em toque frivolidade
Em precisa a mais pura necessidade
Esposa redecora ainda no casamento


Feliz com o marido ainda ao seu lar atento
Arruma sala de visita em gravidade
De
como quem recebe pouca assiduidade
Do par habituado em tão flácido assento


A mulher engrandece antigo casarão
Avaliando firmeza do móvel untado
Só desejando à cama nova posição


Amada retira cortinas de bom grado
E marido acata a já dada sugestão
Mudando leito para frente atrás e ao lado


Soneto XIX - ''pessoalismo" tolo







Eu, o mundo e o século
.
aos paradoxos
.
Em dignificar o que não me é digno
Mostro a convicção do relutante omisso
Em justificações, o fraco compromisso
Equivocando ao acertar o que me é fidedigno

Conflito é ao meu duplo signo
Em aceitar o rejeitado com antigo viço
No blasé do vigésimo século que atiço
Em favor do ponto sem apoio que me resigno

Qual! Não me desprendo de qualquer sorte
Nem usurpo do amor a misericórdia ou paixão
Sou apenas aliado à vida e associado à morte

Qual! Não renego os valores como um malsão
Sou eu profeta do mundo sem sul ou norte
Sou eu tentativa ideal da fracassada pura ação

Terça-feira, 16 de Junho de 2009
soneto XVIII
.
Brisa
.
Insuflavas tempestade de outrora
Eu, em vaporoso esmaeci o tormento
Com silêncio, o gélido e árido vento
Que ao ar em tal bonança agora m’ignora
.
Tu és tornado que em peito vigora
Mas não há nuvem ou céu azul em fomento
Em
balanço ao sopro que intento
Nas brisas tão leves que alma m’aflora
.
Tu és o alísio que a meu campo estendo
Mas suspiras alto vôo circundante
Em outros prados que em asas atua
.
Deixas só emanação que recendo
Cálido bafejo, fraco e distante
Que ainda em névoa suave incenso flutua
.
Segunda-feira, 15 de Junho de 2009
.
poema IV - regionalista II
.
O filho do sanfoneiro
.
Ah, minha negra sanfona
Entoa em suas notas luto hino
Aos Céus honrando o Divino
Em prol do que m’abandona
.
O meu dedilhar menciona
O que se ecoa no surdo sino
O cadáver nordestino
Que ave-carniça ambiciona
.
Sonoro é esse fole franco
Enquanto escrevo em canto
Seu
corpo lívido e branco
.
Eu calejado já tanto
Que melodia ao arado arranco
Semeio cova rasa em pranto....
.
Porque é que tu não viveste
Qual teu natural destino
E não enterraste a este
Em lugar do pequenino
.
O meu ritmo não suporta
Quando a gaita desafino
Mas música é natimorta
Quando velho sol a pino
Mostra soleira da porta
Sem rever o meu menino
.
soneto XVII ou escritos púberes VI

Bebida e Fornicas em única dose
.
Ah, tão transparente licor
Qual vinho, tenro lábio adoça
Que em ebriedade brinca, troça
Provando ao absinto sem amargor
.
Põe-se fermentado sabor
Ao tinto vermelho que engrossa
Cevada, trigo que se roça
Destilando aguardente ao ardor
.
Vem espuma champanhe em louvor
Que
apetece amante por ora
E ao par com tal drinque em favor
.
Ao seu primeiro sorver cora
Hesitando encontrar travor
Ao fértil álcool que agora implora
.

Domingo, 14 de Junho de 2009
.
soneto XVI
.
ευθανασία
.
Traz-me o encanto agulha entorpecida
Não a chamarei de praga, ladra ou hetaíra
Ao contrário, darei louvor que admira
Pois jaz em ti esperança de vida
.
Abaixo as pálpebras, agradecida
Ao dardejo, seta intravenosa que atira
Por mais que a outro em súbita cisão fira
Com tal meio que ma fará adormecida
.
Sangue circula,expande,se encerra
Mostra-me lívido o veneno forte
Aceitou desejo de quem o dissolve
.
Apressemo-nos ao que já é de terra
Soa definitiva a marcada sorte
Traz sempiterna benção em paz que absolve
.
Soneto XV
Salomé
.
Para Oscar Wilde
.
Retenho nas mãos áurea cabeça
Reencarnação de antigo Elias
Profeta antecessor ao messias
Clamo: há aqui homem que não o enalteça?
.
Ah!Que teu Deus o louve, engrandeça
O que a esta pagã não aprazia
Que luxúria de Judéia fremia
E que agora este sangue arrefeça
.
Só obedeceste a lei divina
Se a negasses...me faria Canaã!
Prazer em ventre, livre de sina
.
Mas vê o fim de tua promessa anciã
Já tudo diz sua opaca retina
Como ousei?Eras meu amor Iokanaan!

Sábado, 13 de Junho de 2009
.
Soneto XIV ou escritos púberes V
.
Jardins ab(and)onados
.
Ao sexto mandamento
.
Como pagão, cobiço canteiro do próximo
Extraio forte, tal qual boticário, o meu ao seu óleo
Tulipa branca, rosa herança, que almejo e olho
Enquanto terceiro planteia outro cimo
.
Faz-se em flor, um segundo, não mais que num átimo
Torna vigor e cor se em segredo arrolho
Raiz crescente e fértil pelo que nutro, molho
Retoco novamente qual jardineiro fino
.
Esqueço o cerco, estorvo de arame dourado
Pois enxada ama o arado que flora enfeitiça
Amor-perfeito à espada São Jorge aliado
.
Ah hortaliça!Desfruta gengibre que atiça
Trago colibri para o teu semeado
Aceita o morno pólen da minha cobiça
.

soneto XIII
.
Reflexões de um convertido
.
Aos hedonistas cristãos
.
Como escrever alegria
Nos hinos negros da mente
Na torpe dor que homem sente
Em suor de tortuosa via
.
Como não haver histeria
Em tal horror que consente
Ver oposição ao vivente
Que outrora mo aprazia
.
Ah! Proeza que pretende
Pela profecia na escrita
Negar o que ao corpo estende
.
Exiges conduta estrita
Que a vida real não atende
Em pecados que não se evita
.
Sexta-feira, 12 de Junho de 2009
.
soneto XII
.
Urubu
.
És imperador, filho da latrina
Linhagem de merda, símbolo estorvo
Há inveja, o assum, graúna e negro corvo
Pois és clã predador, falsa rapina
.
Via em cadáver, putrefata assassina
Ainda assim tens o signo que absorvo
Vêm das suas asas os veios a qual sorvo
Desaguando minha língua ferina
.
Ser ridicularizado, és temida
Não pelo porte, mas pelo mau-agouro
Que em azar sombra alada encobre vida
.
Desces do céu maldito sangue mouro
Deixa-me te destroçar sorte esvaída
És anúncio do meu luto vindouro
.

Soneto XI
.
Sono
.
Advém o fraco, brando sono
E me mostra qual suave pluma
Corpo belo, etérea espuma
Enlevo sem carne, abandono
.
Não sou eu mais proprietário ou dono
Sou a mercê, espectador em suma
D
’inconsciente que me importuna
Clamando-se senhor em trono
.
Ser inerte, dado medonho
Escolhe horror, por vezes sonho
Transtorna em tempo muito breve
.
Logo a apagar o que escreve
Entrevê o mais feio ao belo mundo
Torna o real um solo [in]fecundo
.
Quinta-feira, 11 de Junho de 2009
Soneto X
.
Cocaína
.
É açúcar para o terno infante
O ar que filósofo aspira
A musa que ao poeta inspira
A voz em clamor ao instante
.
O insípido torna o elegante
Descreve o mundo, põe em mira
Instrumento
à minha lira
Faz sondável o errante
.
Pó, constelação a deter brilho
Vestígio de cadente astro
Num perfume, se inala, voa
.
É consciência do meu ato falho
Cor de marfim, puro alabastro
Flor alva, alma que me destoa
.
12.06.09
.
Soneto IX ou escritos púberes IV
,
Um bolero para compensar
Em sua trôpega dança, sofrido
no tango, passo de um ao oito
Mostrou-se intenção do afoito
Em seu tombo, giro final caído
(...)
Dama pergunta em tom esmaecido
Perdeste compasso?- ao par solícito
- Dancemos outra – no tom implícito
Mas este passo... Ah! Já está perdido
(...)
Qual! Tocarei um bolero pra ti
Cantarei rumba em tua boc
Valerei a noite que nos rouba
.
Qual! Farei Strauss voltar a si
Te tontearei em valsa, minha moça
Pois a energia retorna, me arrouba
11.06.09


Soneto VIII ou Sátira I
.
Avaliação do Síndico
.
For my Lord
.
Do prédio entoa canto jubiloso
Apresenta cobrança, anunciação
Chama quem quiser a essa reunião
Pela ordem da Lei, ata do Ditoso
.
Abre o livro em tom bondoso
Mas já sabe imposta avaliação
A cada alma sua colocação
As ordens do síndico “valoroso”
.
E chegado o julgamento
O pagão se treme expulso
Do pecaminoso apartamento
.
Aguenta esferográfica em pulso!
É exposto o teu pouco justo advento
Estás na mão de critério avulso!
11.06.09
.
soneto VII
.
Legado ao rebento
.
Ao recém-nascido P.L.
.
És fruto, mais uma torpe prole
Ignóbil sangue, pobre raça
Clã maldito, vive entre ameaça
Sa famille, cette  étrange folle
.
Compreendo que gemido assole
Vendo futuro fel da taça
Antevê amanhã, a dor, desgraça
Logo esperneia, chora, se encolhe
.
Miséria em infância é oculto
Mas verá em breve na veia
Nosso legado, cólera e insulto
.
Ilusão tornará areia
Não haverá colo nem indulto
Secarás no leite que anseia
.
Quarta-feira, 10 de Junho de 2009
Soneto VI ou escritos púberes III
.
À Fisiológica
.
Em carne se faz boca macia
Das hemácias, carmim em rosto
Na
saliva ácida, o gosto
Da epiderme que se acaricia
.
Do sistema nervoso, tremia
Do globo ocular, alvo posto
Atentando ao instinto, o encosto
Pois neurônio pensamento jazia
.
Corda vocal, esta proclamava
Auscultando gemido dos sons, o lato:
‘Belo físico! Implora o frisson!’
.
Dos hormônios, química em lava
Convida
sentido dela, o tato
Mostra libido! Encorpa o dom!
.
Poema III


Para a escrita


Rastreio o meu torto verbo
E quando o acho certo
Perco prumo, exarcebo
Torna a musa ao incerto

O que meu sono oblitera
Escrevo só nestes traços
Inspiração que se altera
Eternizo em calhamaço

Descreve
na ilusão
Os sonhos sem perigos
Mostra ao tolo, não são,
Paraíso, mel, flores, figos!

Aprendo Glória fingida
Viso-te maravilha;
Mas em sendo tão querida
Isola-se, virgem ilha

Desejo-te; muito espero
Vem fortuito cigano!
Amas Álvares, Antero
Amas a mim, ser mundano

Terça-feira, 9 de Junho de 2009
Soneto V


Trocado pela Lua


Para F.A

Já que teu rosto insiste
Como sozinho luar
Em me dizer que és triste
Faço ímpar nosso par


Se árida lua ouviste
Absorvendo tão branco ar
Verás como tolo chiste
Tal soneto a lamentar

Mas um momento, espera
Verás que não tem sorte
Ainda sois da minha esfera

Que Hórus seja forte
Mas permanece em cratera
Não
te quer como consorte


Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

poema II ou escritos púberes II

Lições da Balzaquiana

O moço flor na lapela
Nos seus cantos amorosos
Em brasa rosto revela
Seus amores receosos

Quando balzaquiana escuta
Resoluta estupidez
Sorriso amarelo insulta
- Queres é minha cupidez


E pobre sem negar seu juízo
Diz: amo-te em glória
Mas
generosa puta em aviso:
“Esqueça tal história.
Em cama meu Narciso
É gozo amada vitória”


Já quase convencido
Diz em verso sem precisão:
Tenho sono perdido
Pois por paixão sou malsão


Cala a beleza madura
Fala corpo, a abertura:
“Dormirás hoje criatura
Livre da pedra dura.
Abres a minha costura
Pois travesseiro in natura
Faz deitar envergadura”


De repente o coração
Pulsou sangue em lugar
Dando
antiga emoção
O local para jorrar

Escreve a bela balzaquiana:
Amor? coisa de banana...


Domingo, 7 de Junho de 2009
poema I


Festa junina


Aos de ψ


A cançoneta é de festa
Salão que gira o vestido
Boca, licor colorido
Noite, alegre seresta

Em baile cruzam as pernas
Ao som dos pares queridos,
Passo em xote que externa
O calor, suor reprimido

Em solstício ao pagão
Verdadeiro o sentido
Pois em noite à São João


É o santo esquecido
Em meio de quadrilha
Tem fogueira, brasa antiga


Que só ganha e em tom rebrilha
Quando do beijo se amiga
Quando ao fim entorna testa


A Cachaça assoladora
Traz no sono a aresta
Fim de Juno redentora


Sexta-feira, 5 de Junho de 2009
soneto IV ou XIX


Tísico, aidético e todo o resto


Aos malditos: do século XIX ao XXI

Senhor,tens lesões incompatíveis com vida
Arrebentado de tossidos, pulmão fraco
Pele branca, um homem em peito de caco
E na fronte crespada, a dignidade caída


Nas ruas antigas,de velhas rotas mulheres
Em duros bordéis, estranha terra perdida
Posto o corpo na paixão pela jovem Sida
Subjulga doença neste hipocondríaco alferes

Ah!Que gelo de carcomida louca febre
Confusão da minha voluntária afasia
Façam lar em meu humilde e frágil casebre


Toma de vez minha nascida eplepsia
Mostre na dor,dos instantes,o mais célebre
Nesta carne, o sangue nobre sem assepsia



Quarta-feira, 3 de Junho de 2009


soneto III

Boca


Sorriso flor de lis
Sem hálito de lótus
E só retém do anis
Dos seus cheiros, o motus

De sua flor em pétala
Que
meu beijo prepara
Faz broto da tântala
em sede que não pára

Jardim tem em sua soma
Guarda rubro mastim,
Que em afago se doma

Ah! Cerca de marfim
Canteiro de idioma
Flor! Encontro enfim!


Domingo, 31 de Maio de 2009
Soneto II- regionalista I
Retirante

O tal ócio está para minha fome
Minha virtude, cruz do firmamento
Arte em sanfona engano do tormento
Pois existem meios-dias que não se come

A rapadura, garota adoça
A macaxeira para o curtido homem
A esperança refazendo roça
Das semeaduras que pra sempre somem
A terra seca, craquelada ruga
Só acha gretada boca a poça imunda
Que há no [bendito] solo? Peço a deus enfim a fuga

Gaia de filhos e ainda assim infecunda
Pois labareda sempre madruga
Grossos [malditos] raios!Em sonho estéril afunda


Segunda-feira, 25 de Maio de 2009

lamento
Perpassava sobre o passado, observava as angústias antigas para encontrar prazer presente. Revisitando antigos agentes que agora eram passivos se sentia mal; queria o gozo original que lhe trouxeram outrora. Eram sombras em desertos sem árvores, lembrando de como se encontrava estéril o chão que antes brotava floresta. Mas ainda assim, já que não encontrava perspectiva de oásis, esforçava-se para que as lembranca fugidias se tornassem miragem pois pelo menos o corpo desidratado morreria embriagado pelo sua própria familiaridade. Ah, dunas tão próximas a qualquer humano...

incompleto personne

desconheço os motivo que me impelem a dar relevância a um terceiro. Sei ,ou adivinho, que estes ganham conotação em mim ao me constranger de alguma forma. Não se adequam ao que sistematizo ou ainda simplesmente se encaixam perfeitamente ao que eu previa em puberdade como o melhor do humano. Fico feliz em conceber o mundo nessa anunciação de pessoas adeptas ou não do que concebo, mas apercebo-me demente ao amá-las por idealizações vazias.


Terça-feira, 19 de Maio de 2009

soneto
Resposta a reconciliação
Sua canção era o pedir perdão
Que peca em seu não pecado
E sombreia o não mais que errado
Dos meus motivos que são vãos
Quando pensar o lamento
Sendo o amargo não mais atroz
Dirá a si sem sofrimento
Que não há de fato um algoz
Se ainda assim o engodo onera
A me vislumbrar carrasco
Mata-me em seio, torna fera
O antigo gozo como asco
Amor em árida terra
Ácida chuva encerra
Domingo, 17 de Maio de 2009
breve esclarecimento

Outrora fora reduzido a animalidade, a indiscrição e a malícia de terceiros. Julgavam de maneira cabal: culpado por ânsia provocada, nada mais. Pena mais que justificada, dado a subjetividade da sensação. Se recompôs, limpou os sapatos, e ao contrário de Josef K., outro julgado menos afortunado, compreendeu tudo com uma clareza divina: era homem, e entre os homens a leviandade faz a todos reiteradamente réus confessos

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Domingo, 10 de Maio de 2009

escritos púberes ou porcaria IV


Embustepara C.

Em um momento se fez distantes os pares que dançavam num único movimento, uma nota firme , que, como num sonho rodopiam a música e remetem a todos homens que os vêem naquela perpectiva o aspecto de aconchego da tenra infância. Um casal perfeito!Parecem um corpo só, opostos por natureza mas ainda assim davam mostras de se relacionar tão bem... Que namorada, esposa ou mulher não gostaria de se encontrar como o casal ali. Já outras,com a típica inveja feminina, dizem: "eles não vão durar muito tempo; logo vão entrar em crise e decair, os filhos virão e não haverá como esta situação não mudar!" Os homens mais carentes afirmam: ''me contentaria em aceitar um triângulo amoroso contanto que fizesse parte daquela alegria abundante". Mas em detrimento de todos os comentários ia embora o cônjuge perfeito sob o comando tirânico daquela mulher que detinha o único instrumento que podia coagir os lindos parceiros: um sutiã.







Sexta-feira, 8 de Maio de 2009
nota mental II
A escrita é uma incompreensão. um homem que tem plena certeza de si não escreve, este ultimo tipo de homem além de compreender o mundo, seja intuitivamente ou não, tem um caráter único de aceitar o mundo; não encontra indignação, e, ainda na passividade age.
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soneto sem métrica I


Soneto da cura desejada

para D.D.

Caso tornem corpóreas as dores
E as palavras lhe traem em dor-gemido
A
aflição outrora efêmera
Faz-se o corpo em nós juízo

Como então face a esta quimera
Que evidencia então prazeres abdicados
A febre em dor nos desonera
Dos deveres, pelo menos aqueles, pormenorizados

Desdenhando o malsão que ambiciona,
A cura então se mostra e vai...Enfermidade triste seja!
Retira e nada tenciona...

Enquanto isto, o que zela decai
Pois do outro afeto deseja
O que a doença agora priva, toma e esvai.
Segunda-feira, 4 de Maio de 2009

por mim e pelo terceiro
Para D.D em detrimento de ...


Quando enfim cessa o mundo como oposição, e, a significação vai além do que se evidencia, a frustração do objetivo se dizima pela graça de ser Topazza pella, e se rir da estúpida metáfora. Se não se ama há um esforço para tal. Nesta noite, que tal qual regra deveria ser como qualquer outra, se reacende a esperança de cinza outrora dizimada ,e, se dói ainda outra chama ardente que remete a frígida figura, esta ao mesnos será esquecida pela labareda que se almeja conseguir pelo antigo fogo extinto. O outro ainda é forte, mas aquele terceiro que já esmaecido ressurge, se tornará eterno pelo servo lampejante ainda que o considere agora fogo fátuo.

Sábado, 2 de Maio de 2009

Nota mental I

Podemos falar que existiu um filosofia latina/romana? o termo é adequado?como defini-la?É certo que o pensadores não fizeram além do que uma repetição dos gregos em termos de idéias?São só seguidores e não criadores?Como definir cronologicamnete?faire du recherche avec le livre du chatelet.
Sexta-feira, 1 de Maio de 2009
Porcaria III
Para R.P e M.B


Apareceu de súbito. E como surpresas não é senão perturbação de não poder prever o que se mostra, parou e observou assustado.Só se podiam timidamente cumprimentar,pois a exposição feita em tempos passados não era agora mais do que o desgosto profundo de ter sido tão indecentemente cúmplice de um caráter que ele próprio censurava. O mundo se opunha a ele hoje, mas não como costumeiro, ou seja como uma luta em que se podia ainda ao menos protestar; desgraçadamente a realidade era agora só alusão a um equívoco. Esquecera que do outro só se podia extrair e usurpar não importando se mútuo era. Esperar algo de outrem não era senão um projetar, que por própria definição era coisa não concreta e pautada evidentemente em um fracasso.Despediram-se e seguiram sua vida. Calar e apagar, pois não era este o maior benefício de ser quem eram?











Quinta-feira, 23 de Abril de 2009







protoconto III ou porcaria II







Gaia e Urano







O garoto considerava sobre o papel. Olhava e ecoava as palavras paternas: "Vinde a mim todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. " Não entendeu muito bem, só poderia estar se dirigindo a outras pessoas o que estava ali. Pensou que absolutamente não sofria e ainda que sofresse mamãe lhe ensinara a solução: Merthiolate, esparadrapo e gaze! E mamãe sempre acertava. Pater insistia com bonomia ao guri dizendo que se podia compreender no futuro o que dizia agora. Ora, refletia então o garoto, o que ele me promete é que no futuro eu compreenderei e irei sofrer! Como pode meu pai dizer isto?Pergunta ao pai então em tom suplicante:"Não tem como senhor me proteger desta dor?"" Todos sofrem um dia pequerrucho"" E demora muito para a ferida fazer a casquinha?"" ...Muito meu filho" Riu respondendo o pai , achando graça da colocaçãoO pivete tremera sobre as pernas. Até então inabalável era sua fé num mundo bom, porque sem dúvida era uma vida adorável esta que ele vivia.Corre então ao regaço da mãe, e chora declarando:" Mãe, papai me disse que eu hei de sofrer"" Como assim? O que aprontaste?""Nada"O garoto olha mudo para mãe e percebe que realmente nada fizera para ser castigado e não podia pensar em nada que o fizesse merecedor de sofrimento. Por que então o pai o condenava por algo que poderia nem vir a acontecer? Acaso não era ele um bom filho? Não o respeitava e amava como a si mesmo?Que crueldade esta que diz que vai doer, e que dói de todo jeito no futuro?Não podia aceitar isso, papai só poderia estar errado. Talvez seu irmão mais velho estivesse correto, aquele coroa não passava de um velho filisteu. Não sabia o que significava, mas parecia uma coisa bem ruim." Não se preocupe criança. Você não vai apanhar de seu pai,se nada fez. Brinque com seus bonecos e vá ensaiando com eles para ser médico.Aí sim,você tratará das pessoa que realmente sentem dor." Dizia a mãe estranhando o silêncio do infante."E se eu me machucar? E se não sarar?E se papai estiver certo e uma grande dor vier a me acompanhar? "''Tem merthiolate na gaveta. Seu pai não pode lhe machucar mais do que aquilo lhe pode curar. Tranquilize-se. Não há nada além disto em seus tremores"







Quarta-feira, 22 de Abril de 2009



Protoconto II



Mater est



Senta-se à mesa pede o bolo, a torta e o café. Acomoda o infante, que não é senão a sua mais acabada expressão masculina. “Quão masculina poderia ser!” Sorria a moça simplesmente. O bolo e o café chegam à mesa, e pensa como sempiterna é com o guri. Declarara em torno do seu sonho vivente que só podia em afeto desejar com fidelidade uma alma tal qual o seu pivete.Puxa a franja do guri e se desperta que aquela ali não era mais que historicamente a mãe que qualquer uma podia ser. Não era mais Aline ou Luana, era somente o que sanguineamente fora concebida para ser: mater est. Parou indecentemente o afago de maneira ao pirralho estranhar, fazendo com que mesmo com a boca transbordante sobre o chocolate da torta lhe perguntasse acerca do que se passava.“Nasci para ser como me apresento agora”Estranhara a percepção e fez um atrito na mente para se livrar de sua conclusão determinante. Não podia negar aonde chegara. Acaso em seu terno matrimônio e nas relações carnais que advinham desta, não era somente ela em tais situações, era o mundo e o peso que o feminino lhe legara como repetição ,ou ainda, como afirmação do que “Ela”, um ser uníssono,deveria ser. O comportamento do outro era o seu. Cabelos grandes,flores e amores não eram mais o que a ela foi apreendido como valor; estes iam além do que se podia ser considerado simplesmente influência.Gostaria de pensar que bastaria a força de sua vontade para negar, mas o que ela irremediavelmente presumia foi: ela era, é, e sempre será. Não era natureza, cultura, necessidade, o trágico grego que tanto amara em idade colegial, dèja vu, era tão somente o seu gênero. Sua identidade estava acabada, e qualquer abertura para ser além do que devia ser lhe era impossível. O amor por seu guri a determinava, porém não fundamentalmente, pois ainda que este não fosse, ela seria . Não se incomodou em saber que o carinho que lhe prestava era tão somente um reflexo do que não podia negar, mas tão somente se revoltou com o fato de que ele, seu sangue escorrido, a fizera ter percepção disso. Só lhe restava como saída, ainda que incerto dos resultados,cometer o filicídio.Quem sabe obter ao menos no ato um átimo de liberdade, apesar de suspeitar que era isto senão mais uma face do que ela era.“Nasci para ser como me apresento agora”“Que bom, mãe.” Diz o guri enlambuzado em suas bochechas do doce já engolidoPagou a torta , o café, o bolo, beijou o filho e sorriu.







Delírio I



O marteloO martelo que tanto foi falado, que destruiria o homem , a moral dos homens, que estremeceria o sapiens não veio. Veio sobre mãos humanas e desta maneira só poderia ter peso de um pluma. Pois o que é arbitrado pelos semelhantes, não tem decerto nenhum efeito, senão cócegas, direitos autorais e cócegas .Santo de casa não faz milagre.Forjemos entes ou atitudes metafísicas para que possamos destruir ao menos com martelo de plástico alguma coisa também criada do mesmo modo. A eficácia está sempre no efeito placebo. Tenham fé no nada e este se realizará



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Terça-feira, 21 de Abril de 2009



Protoconto I



Rita AnarquistaRita não ia hoje para aquela família. Negava-se simplesmente. Sua lógica era inegável, seu protesto e vingança eram silenciosos e concretos: aqueles bastardos filhos de uma porca burguesa, não comeriam, não se lavariam e não teriam goma nas suas golas.Já via a imagem em deleite: a patroa olha o relógio, são 8 horas, se vira e vê a mesa ainda com a garrafas da farra de ontem, vê a emporcalhada arte de barro dos pimpolhos na sala de estar, e em desespero corre ao telefone para ligar para sua serviçal. Rita estava preparada, tirara o telefone do gancho, e sorvia da sua autoproclamada segunda-feira de férias. Não que Rita tivesse aversão ao trabalho,enxada foi a companhia de infância,um espanador para ela não era mais que brincar de casinha,mas desejava firmemente a percepção dos outros da sua ausência como necessária e preocupante, e também, claro, fazer justiça no mundo, pois “mané doutora-dondoca precisa sentir um dia, o que ritinha passa todo dia ali!”, dizia a doméstica para justificar sua rebeldia.Rita sonhava e meditava sobre sua medida : e se todas fizessem tal qual eu faço? E se parássemos como param os caras do sindicato do Mago? Um protesto não por dinheiro, se bem que também to precisando, mas pelo menosprezo de não poder se dizer notada e ainda, por ser simplesmente ordenada? Doutora diz para mim com jeitinho, com “por favor” e obrigada, mas se ela não o fizesse poderia eu obrigá-la a fazer? Rita percebeu então que não tinha o menor carinho pela sua patroa, e pensando bem na teria o menor respeito por ela se esta não lhe pagasse o que lhe fosse devido. Não havia noção dever também, sabia que precisava da dondoca como cédula, e com este símbolo estava garantida a submissão. Queria mudar isto, sentou sobre sua cadeira de palha e fez o que nenhum homem deveria ter feito: especulou. A cédula não lhe pareceu mais suficiente para se subordinar, era livre, ou pelo menos era isso o que o padre lhe ensinara em sua infância, e como conseqüência limitada disto Rita pensava que a única autoridade a quem devia profunda prosternação era Deus. Podia sim fazer o que lhe desse na telha e mesmo mudar a ordem vigente. Sim, Rita faria da Patroa subalterna, ou melhor trataria como igual a despeito de provar sua superioridade, tudo isto com a idéia que pensava que podeira vir a ter se simplesmente refletisse.Fustigou a mente até que achasse que tivesse uma idéia original. E como conseqüência disto refletiu em toda a erudição que o mundo pôde lhe dar para chegar a sua conclusão. Rita então supôs que portava verdade libertadora, Rita sonhou e disse: I have a dream... No sentido mais figurado possível, pois não falava inglês. Pensou no discurso que faria as mulheres de sua classe; organizaria e despertaria a mais profunda passividade e indiferença às patroas, negando as secretárias do lar obedecer-lhas, seja por dinheiro seja por carteira assinada, simplesmente porque não deviam nada à elas e porque de repente o verde não valia mais senão por sua cor e o Deus seja louvado seria a única coisa levada em consideração naquele papel. Por extensão de pensamento Rita se apercebeu que além de sua patroa não poderia reconhecer também qualquer outra autoridade terrena. Feliz e satisfeita com a liberdade total que aquela segunda-feira preguiçosa havia lhe proporcionado Rita , coloca novamente o telefone no gancho, liga para a sua antiga chefe e explica-lhe animada seus motivos e idéias que a fazem repudiar estar naquele lar, provando por orgulho que não é só por aversão ao trabalho ou malandrice._ Então você quer se demitir por motivos ideológicos?_É... – titubeante na resposta devido a palavra difícil._ Hum... Se eu dobrar o seu salário você reconsidera?_ Já estou indo praí sinhá!



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Segunda-feira, 13 de Abril de 2009



incompleto



Quis custodiet custodes?Quem vigia o vigilante? quem guarda o guarda? Todas sociedades se utilizaram de mecanismos para sustentar as suas próprias estruturas. Mos vira lex, o oral se torna escrito.Tenta-se historicamente fundamentos em noção de dever, direito divino, etc e para sempre. Porém além destes agentes ideológicos, nunca houve abstenção de métodos contudentes, isto é, a força como instância última para a manutenção da pax. Inevitavelmente este é eficaz porém efêmero se não adotadas posteriormente as tradicionais medidas ideológicas que propiciam um controle senão mais econômico, pelo menos mais estável aos que controlam.Uma prova cabal disto é que não há estado contemporâneo que não tenha um exercito ou armada. Talvez apenas o Vaticano seja exceção, porém este apresenta o maior mecanismo de ideologia da humanidade.O que pode então ser criticado em termos estratégicos na ação coercitiva "violenta" do estado? Nada. è inegável o valor deste tipo de atitude para sua manutenção, porém se torna



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Domingo, 5 de Abril de 2009



porcaria I



Aos homens que são livres e da pragmáticaDas várias formas de se considerar livre, existe uma que decerto nos provoca e chama atenção, justamente pelo seu repúdio e desgosto expresso pela sociedade: o homem que se diz ou se considera niilista. O niilista se arroga livre, partindo do princípio que teoricamente não há nenhum conceito a qual se deva realmente seguir, afirmando assim a afamada frase de Ivã Karamazov que tudo é permitido. Há dentre estes os que consideram tal qual o exemplo de Pirro de Elis* de nada arbitrar ou supor conhecer ( muito menos normatizações), evitando na prática se eximir de julgamento e há segundos que aceitam a inevitabilidade de sempre ter de julgar, porque agir significa sempre deliberar, e decide-se para issso um valor ainda que não seja universal, só contingente.A questão que se expressa é a "liberdade" teórica, pois o sujeito que admite tal concepção se encontra irremediavelmente frente a possibilidade de tudo violar, desconsiderar, desprezar e engrandecer. Porém em termos pragmáticos se encontra ele cerceado pelas condições da sua realidade que o colocam como mero homem frustrado entre a sua visão de permissividade e suas cadeias que se expressam no exterior. Mas o que pode um homem como este realmente querer? A resposta é tudo e nada. Este titubeia entre a submissão e ser submetido. Almejar e desistir , vice-e-versa .Mas o que distingue este homem dos demais? Enfim todos os homens não são essa miscelânea de desejos que transitam, tem sucesso e se frustram? Sim todos são, mas alguém pode argumentar que aquele que prescinde de normatizações se encontra na aceitação teórica de tudo e na perda do ponto de vista que o indivíduo está a cometer uma falha, um ato mundano, ou algo que vai de encontro ao que foi proposto para sua própria regência. Para o niilista haveria ao menos o consolo de que estas amarras heréticas seriam desvencilhadas em mente, embora possa sentir o peso da culpa pela própria valorização aleatória que este faria.Pergunta-se de novo: o que faria distinguir o homem em sua concepção de tudo permitir em relação a atitude de qualquer outro se a sua postura no fim é idêntica a de todos os homens? Todo o argumento do parágrafo anterior se resume a uma fragilidade da percepção da noção de teoria, percebendo que a pragmática do niilista não é diferente de qualquer outro homem que segue o senso comum. No fim a práxis do niilista, devido a sua própria ausência de teoria( no sentido de una direção a seguir) culmina no fato de este adotar a postura de qualquer outro sujeito. Neste caso a idéia de teoria se dissolve completamente, sendo apenas uma frivolidade intelectual, em que se age como qualquer outro adequando-se o seus valores, determinando uma flexibilidade que é tão comum mesmo ao inflexíveis...* Pirro de Elis não é considerado um niilista, ´no máximo um cético, mas cabe na adequação do texto



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Quarta-feira, 1 de Abril de 2009



do valor da obra lograda ( Hanna)



Carta a ProtosProtos sua ausência se faz presente. Do isolamento escolhido a única resposta ou consequência que me restou, foi o fato de uma lembrança possível com toques de imaginação.Eis o que perpetuamos. No geral cartas e escritos de quem não é escritor tem a função de expressar o estado de tensão do sujeito, podendo ainda facilmente ter um detestável aspecto justificativo, ou pior: terapêutico. Um escritor em verdade se perpetua depois do afã da criatividade em idade imatura e persiste em seu trabalho de maneira a ir além do o artista como centro de sua obra. O homem com a esferográfica deseja a obra como centro e por consequente (ou quem sabe por princípio) a glória de ter legado algum estúpido e generoso papel escrito a continuação de si. Quem há de pensar Protos que no limiar dos anos pudéssemos nós pensar que o valor que almejamos e conseguimos, se delineando sempre tão claro em nossas mentes fizesse com que abdicassemos ao que nos é mais presente ao menos em sonho: a nossa vida hedonista. Abdicamos pela nossa herança louvada o sangue que não deviamos ter suado, tudo para produzir "aquilo". Nossos nomes estão edificados, temos ensaios que são mais importantes que uma mera nota de jornal e menos lido do que a sagradas escrituras. Pelo nosso trabalho transcendemos o nosso mundo finito. Mas para o quê Protos transcendemos? deviamos ter ficado aqui, lido os que já tinham se sacrificado, gratos nós por termos consciência de podermos ser o que foram estes outros, ainda que apenas em potência. Prostituímos nossa alma pelo nosso futuro imortalizado. Destruímos o presente generoso; aquele que relega ao passado os que não mais vivem e faz esquecer a singularidade que tanto amamos. Sofremos para sermos lembrados por aqueles que não nos amarão e não perceberão a insignificãncia deste nosso nome já carcomido pelas formigas.Somos os homens logrados por nossos direitos de autor e de pelo ideal alcançado. Somos eternos, e só podemos dizer aos que findarão de maneira realmente absoluta em frente a essa terra fecunda e estéril que aproveitem o que deveríamos ter estrangulado conosco em nossos caixões.p.s.: Que alguém tenha sorte e afirme o sujeito em sua singularidade restringindo-se apenas a cabeça, tronco e membros.Um último manifesto escrito,Hanna



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Segunda-feira, 23 de Março de 2009



evidências III



Da motivação do posicionamento políticoA maneira de observarmos àquele que consideramos sujeito político advém da nossa concepção grega, mais especificamente da democracia ateniense, em que o cidadão participava de maneira direta acerca das deliberações e o futuro de pólis. As motivações e preocupações, ao menos as primárias, que faziam com que estes concidadãos agissem de forma "ativa" seria em análise genérica a necessidade frente as perturbações e conflitos tão comuns que permeavam os povos gregos e a consequência direta que recaía acerca dos povos subjugados em caso de guerra(não descartando as decisões internas, apenas enfatizando caos extremos). Participar das decisões da cidade-estado implicava na maioria dos casos em observar explicitamente as modificações fruto do agir dos cidadãos. Com a expansão do império macedônico e a conquista da Grécia a visão do homem político é modificado; o regime imperial de um povo estrangeiro com uma larga extensão territorial faz com que as escolhas que um servo do período alexandrino/ pós-alexandrino se reduzam quase a nulidade. As características do homem político são por assim dizer "embutidas" e aflora no período helenístico uma forte tendência a valorização do indivíduo, surgindo a inúmeras filosofias que correspondem numa ênfase ética não mais direcionada com veemência para comunidade.Não se percebe neste momento que um homem possa vir a modificar a realidade próxima como consequência das atitudes tomadas, havendo uma "fuga" do que é exterior devido a esta impotência de arbitrar.Sem desejar desconsiderar a história e os diversos modos de se tentar enquadrar o homem político( porém já desconsiderando), é preciso observar que as duas perspectivas citadas expõe de maneira emblemática os extremos da politicidade. O sujeito age de acordo com o vinculamento que as suas decisões políticas repercutem na sua vida, isto é quanto mais próximo a ligação entre o ato e a consequência observável promovida maior o grau evidente de participação do sujeito. As noções que propiciam ao homem sua extensão política não são deteminadas em primeiro momento pela noção de dever ou ainda a ideologia que o pauta* mas na possibilidade e desejo de decidir.*em verdade, em verdade vos digos as ideologias são extensões do primado da individualidade.



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Segunda-feira, 16 de Março de 2009



Evidências II



Da postura humanistaDos aspectos que o humanismo pode tomar, estão sempre presente ideais afixados pelo senso comum denominado cavalheirismo, honra e dignidade (juízo valorativo). Todos podem tomar por tentativa de explicação o âmbito histórico-cultural,metafísico ou ainda uma estranha miscelânea de ambos para explicação de suas definições. Apesar de certamente todos muitos relacionados e interessantes para observações tratemos com mais atenção o que se refere ao termo síntese das demais nomenclaturas: o humanista. O humanista é por excelência e obviedade a encarnação individual do humanismo*, e apresenta como impostura disto resguardar por meio de conduta ética tudo que é considerado um legado humano e o que lhe pareça em seu juízo representar o de mais elevado produzido pela humanidade. A humanidade e tal gentleman são uma coisa só, ou seja, em termos normativo-pragmáticos este se pauta evitando o que é danoso para o outro e agindo para preservar o que é proveitoso ao homem, acreditando poder ter critérios objetivos para fazer tal avaliação. Tais critérios tramitam legitimidade nas explicações mais diversas (e a todos os gostos), tal qual a naturalista, em que o homem por natureza apresenta conceituações inerentes que o fazem distinguir o que é belo, justo, etc. Outro tipo possível é a racionalista kantiana em que o próprio nome expõe que a razão apresenta critérios próprios, que implicam uma noção de dever que rompe inclusive com justificativas utilitaristas.Outro aspecto que caracteriza o humanista em conseqüência do seu "amor" antropocêntrico é o cosmopolitismo, já que se homem é o objeto de seu louvor,não existem fronteiras do que pode vir a ser apreciado ou do que deve ser respeitado; sua nacionalidade é a sua espécie.Porém o ponto que o nosso virtuoso em questão se encontra em dificuldade é quando o que é produzido por e somente pelo homem lhe é considerado execrável ou contra o próprio homem. Como pode o humanista valorizar o homem em sua totalidade se existem produções humanas que o mesmo considera abomináveis? A resposta é simples, não pode. As saídas possíveis recaem em última instância numa falsa nomenclatura de degeneração, falha ou incompletude do que é vir a ser humano, para que o humanista possa se dizer ainda um amante incondicional.Alguns podem vir a refutar que um humanista não tem problemas quanto a isto, pois ao priorizar uma dada postura frente a outra ( o dito antagonismo entre aspecto "bárbaro" e o "nobre") não existe negação de tal comportamento, mas simplesmente uma tomada de partido de um dos vários modos de ser humano. Ora isto seria verdadeiro se esta opção não se encontrasse dentro de sua própria condição de posição em um combate as demais, isto é, oposições. Se Aristóteles prescreve que todos nós devemos controlar nossas inclinações para termos uma vida mais plena de felicidade, isto implica a necessidade de eliminação do modo de ser humano de descontrole desenfreado. Um humanista verdadeiro não negaria a posição de descontrole nem o controle, pois este prioriza todas as maneiras que são próprias do homem, inclusive a maneira que é considerada castradora (controle). Como é impossível que um sujeito só detenha todos os posicionamentos antagônicos, se faz necessário que haja o outro para que se aflore toda a diversidade que o humanista idolatra, legitimando assim o porquê o humanismo implica numa relação de preocupação e necessidade com a humanidade. O humanista em sentido lato tem em verdade que aceitar, afirmar e querer perpetuar todos os modos possíveis que o homo sapiens é. Ser Humanista então é aceitar também a ferocidade e o descontrole, amar a besta mais profunda que existe em nós ainda que custe a própria humanidade. O auge do humanismo é poder cogitar a possibilidade de que para admitir o que é mais humano (todas suas facetas), poder se pensar na extinção da própria humanidade como conseqüência desta expressão plena. Houve então de fato algum humanista? O humanismo nesta postura acaba por recair na pura observação, pois o humanista não ousaria opinar em algo que pudesse privar um comportamento o qualquer coisa que seja do âmbito do humano. Isto além de ser intolerável, é impossível, pois algo que certamente não é humano é conseguir se manter em postura de neutralidade, ou ainda ser mero contemplador. Paradoxalmente apenas um Deus conseguiria ser humanista sob estas dadas circunstâncias.*tendo em vista que o termo genérico humanismo expressa aqui a postura de valorização de tudo que é humano inclusive o outro, ou seja, a humanidade (quanto, a saber, qual é o limite do que não é considerado humano, é outra história...). Apesar disto parecer em demasia óbvio, pode-se pensar numa postura dispare adequada com o mesmo nome que interprete o humano e seu comportamento como simplesmente o homem em um campo puramente egocêntrico, que é uma possibilidade devido a imprecisão do termo.



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Quarta-feira, 4 de Março de 2009



Evidências I



Da OriginalidadeDentre todas as formas possíveis de se considerar a singularidade sem meios termos ou titubeações é apenas no processo criativo que se encontra tal garantia. Este meio termo se dá devido a duas posicões: uma porque em estrito senso todos somos singulares, isso pelo óbvio de que todos nós apreendemos a realidade de uma maneira única, pois cada sujeito apresenta um aparato sensível sempre distinto do outro além das experiêncas próprias do indivíduo faça com que ele reaja de forma também única. Mas em contraponto, adotando um sentido lato, podemos dizer que todos somos iguais, pois ainda que todos observemos os eventos de maneira singular, é inevitável colocar que ainda por meio de acordo comum ,cultura ou probabilidade, sempre etiquetamos e classificamos o evento de maneira generalizada ,inclusive ao próprio homem. Isto é, ao nos deparamos com uma árvore será muito provável que todos digamos que esta se chama árvore, a despeito de termos como condição primária o fato de apresentamos percepções distintas deste mesmo objeto, logo a árvore é diferente para todos nós,porém a identificamos por meio da linguagem e a equivalência de conceito. Isto se aplica também na normatividade aceita (estado e leis prescritas por este são consideradas por "todos") e mesmo no modo de vida, pois sempre se considera que todos os homens nascem se desenvolvem e morrem, sendo um conceito formalizado pela observação empírica. Dentre esta singularidade restritiva que preza o relativismo da realidade de acordo com o sujeito e esta generalização que se se encontra no sacrifício do sujeito apresenta-se implicitamente na primeira proposição o argumento que todo homem é único e difere de toda a humanidade devido a sua própria constituição e da segunda concepção considera-se que a humanidade e o homem no fim das contas são um só, pois o homem não é mais que a repetição de modos,sistemas de vida e acordos de percepções que são próprios da sua raça, sendo todos os comportamentos, ações e tudo que o homem faz, algo presumível ou ao menos provável de ocorrer pelo que demonstra a história de sua espécie( iguala-se o homem aos demais homens que já existiram no passado, criando o conceito e modo do homem). Evidentemente tais proposições são extremadas e existem certamente inúmeras nuances que se pode tirar das duas, mas dentre todas, o processo criativo é o único que extingue completamente a possibilidade de enquadrar o homem em qualquer ponto possível com a segunda teoria, aquela em que se retira a singularidade do sujeito e o enquadra num modo tipicamente humano, the human way of life. Esta afirmação em prol do criar se dá pelo seguinte motivo: o processo criativo que implica em algo original, isto é algo sem precedentes na percepção ou no conhecimento humano, apresenta-se de maneira tal que não se pode sistematizar justamente devido a novidade da idéia criada. Esta afirmação é simples mas carece de explicação anteriores. Tudo que criamos, diz Locke, tem como matéria-prima os dados da sensibilidade que advém da experiência. Porém quando criamos uma idéia ou como diz o mesmo autor inglês uma idéia complexa, esta não é simplesmente uma combinação dos dados sensíveis, esta forma algo que antes simplesmente não existia apesar de advir da combinação das idéias simples formadas pela sensibilidade. Como dizem os adeptos da gestalt um todo é algo muito mais do que os agrupamentos das partes, o mesmo se pode dizer de algo original, seus elemento separados já existem, porém se organizados e dispostos de uma maneira nova surge algo que simplesmente não estava lá antes. Pode-se dizer ao se tentar discordar desta afirmação que não importa o que se cria, a atitude de se criar pode ser presumida e encaixada se observarmos que existiram outros inventores na história da humanidade; logo criar algo original esta encaixado nas possibilidades de ação próprio do ser humano. Quanto a isto se pode responder que sim, pode-se enquadrar tal comportamento, mas levando-se em conta que enquanto probabilidade se pode dizer tudo o que o homem pode ou poderia vir a agir, perceber e conhecer como então não se é presumível a relação de percepção e conhecimento que aquele único homem teve e todo o resto da humanidade ignorou? Nesta colocação há de se perceber a diferença entre se falar da possibilidade de todo homem vir a criar (que podemos cogitar pela história, afinal homens costumam criar coisa novas), tal qual do mesmo modo a possibilidade de prever todas as percepções e conhecimentos que um sujeito pode vir a ter e - em contraste- a impossibilidade de se cogitar como este conseguiu relacionar algo que não foi relacionado pelos outros apesar de todos os elementos necessários já se encontrarem lá. o comportamento é previsível, porém não a coisa criada.A originalidade é a mais pura afirmação do sujeito porque rompe a previsibilidade de como o homem vê a realidade e retira as amarras do indivíduo como uma mera repetição dos seus ancestrais. A originalidade permite o homem ser além do que a humanidade.Obs.: faz-se aqui diferença entre a criação e criação original, apesar de sugerir certa redundância. Para justificar se faz a seguinte analogia: um homem pinta o quadro. O quadro é criação dele, porém não há na pintura nenhum elemento que faça obra ser inovadora, uma vez que esta é uma mera repetição de estilos de outros pintores. O quadro é uma criação, mas não é uma criação original. Poder-se ia optar pelos termos criação original só por criação e recriação ou releitura no lugar de criação de maneira alternativa.



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Domingo, 1 de Março de 2009



Famille



Il y a seulement deux choses pour penser: la beauté d'une famille et les malhereux qui sont part d'une.



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Quarta-feira, 31 de Dezembro de 2008



carta1



carta extraviada para R. A.Escrevo porque não devia escrever. è curioso escrever uma carta com elementos distantes do que podemos considerar a propósito e convencional. existe certamente uma dificuldade ao escrever uma carta que é destituído de sentido objetivo, embora enquanto sentidos internos se possa fazer as mais diversas interpretações que a subjetividade daquele que recebe a mensagem possa fazer juntamente com as lembranças que tem do emissor. Montaigne escreve 3 calhamaços em que ele emite suas opiniões, porém diz que basicamente toda aqueles escritos não servem mais do que para que os que o circundam se lembrem dele e de como ele pensava acerca da vida quando ele estivesse na mais profunda cova que um nobre da sua estirpe permitisse.Ora cá está o motivo porque eu devo escrever a você transcrito na analogia de Montaigne. Das motivações de se continuar vivo a incompreensão me é certamente a mais cansativa e, dos meus desejos o compreender é o mais frustrado.Existem inúmeras analogias que se faz ao ponto em que conhecer é uma desgraça humana,dentre eles se está a gênesis e arvore do conhecimento, o mito da caixa de Pandora,etc. O fato é que se encontra o homem frente a impossibilidade de se negar ao além do que lhe é conhecido, sempre se encontrando no acidente de conhecer mais. Piaget dizia que o homem por necessidade da sua própria constituição é impelido a conhecer, pois o ato cognoscível estimula os sentidos, o que nos causaria um regozijo. Platão nos dá uma conotação positiva ao ato de conhecer, ao menos ao que ele considera como verdadeiro conhecimento em detrimento da doxa, e imprime como referência ao oráculos dos delfos a máxima ''conhece-te a ti mesmo" a melhor maneira para se obter uma vida feliz. A questão da conotação que estes pensadores colocam sobre a temática já coloca a propensão inata do homem em conhecer. O que se questiona então é a qual posição se deve aderir, o conhecimento de fato nos propicia a uma infelicidade inevitável ou pelo contrário nos dá a mais pura felicidade? Esta pergunta é tola pois , como já dito não podemos não deixar de conhecer...



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